De um lado, uma turminha que sabe brincar com a bola; do outro, um bando de pernas de pau que não têm intimidade alguma com a mocinha e que só participam da brincadeira pra se divertir. E a acompanhá-los mais um monte de amigos nas arquibancadas, que se esbaldaram com o espetáculo.
Não tem como avaliar os 8 a 0 a não ser pelo lado da galhofa. Acho uma tremenda cara de pau se eu viesse aqui e tentasse convencer você de que foi "uma oportunidade importante para Mano Menezes fazer observações para montar o time que vai disputar o Mundial" e um monte de sandices. Porque basta falar com um tom grave, enumerar uma série de números e "desenhos táticos" e muita gente embarca na maior embromação como se fosse algo fundamental para suas vidas. Isso eu me nego a fazer, após um dois-toques com camisas oficiais e com cobrança de ingressos.
A partida com os chineses caiu à perfeição para tirar a péssima impressão causada no 1 a 0 raquítico de sexta-feira diante da África do Sul. O desempenho no Morumbi foi pra esquecer, pra apagar. Assim como deveria ser cancelado das estatísticas essa goleada obscena.
As duas ocasiões foram enganadoras: o Brasil não é um lixo, como se poderia concluir diante das dificuldades para superar os esforçados sul-africanos. Nem virou candidata maior ao título em 2014, depois de aplicar uma surra dessas nos assustados orientais.
A farsa era tão evidente que, no primeiro tempo, Neymar perdeu um gol porque quis fazer uma graça na frente dos zagueiros. Deve ter levado uma dura no intervalo - ele e os demais - e na etapa final desandaram a fazer gols. Uma infinidade, teve até de pênalti discutível.
Mano sabe que não se pode confiar num resultado desses. Talvez tenha tirado mais ensinamentos da sexta-feira. Os jogadores também, embora tenham ensaiado papo de que tornaram o jogo fácil e que o mesmo time perdeu só por 1 a 0 para a Espanha. Lorota.
Também vieram com o papo de que valeu o carinho do torcedor pernambucano. Outra conversa pra boi dormir. Em São Paulo, foram vaiados porque jogaram mal. Se jogassem bem, seriam aplaudidos. A propósito: minimizaram as vaias do público paulista sob o argumento de que havia muita gente no Morumbi que não sabia nem o que era uma bola. Concordo. Mas, se essa mesma gente tivesse aplaudido, seria sinal de que entendia de futebol? Contem outra.
Gente, vamos passar a borracha nesse divertimento de segunda à noite e voltemos a atenção para o que interessa: no meio de semana, tem rodada do Brasileiro. Mais uma quente, tanto na briga pelo título como na fuga do rebaixamento. Aí, sim, o negócio é pra valer.
Bom dia.