O São Paulo dos tempos em que enchia o peito com orgulho - e com razão - e se vangloriava de ser modelo de administração parece ter ficado no passado. Houve época em que jamais cobrador algum, ainda mais gringo e que apareceu ontem no mercado, bateria nas portas do Morumbi por causa de "papagaios" vencidos. Isso seria inadmissível, inimaginável. Não havia como ocorrer.
Agora, a coisa mudou. O Orlando City não tem história, não tem currículo nem lastro, mas cobra, e cobra caro, por um jogador que teoricamente teria sido repassado sem custos. Não digo que a equipe norte-americana esteja errada; não se trata disso, pois é questão para advogados das partes.
Incomoda só o fato ter alguma brecha para alguém transformar o São Paulo em devedor, seja lá de qual quantia for. Decepciona ver que esse episódio é mais um que se junta à série da lambanças que vazam de uma agremiação outrora inatacável. Por falta de dinheiro, abriu mão de alguns jogadores, torcia para se concretizar a transferência de Rodrigo Caio e ainda faz promessa para que apareçam interessados em alguma peça do elenco. Todos são negociáveis.
No caso específico do Kaká há pontos relevantes. Um deles seria o fato de que Ganso, muitos anos mais jovem do que Kaká, ser depreciado a ponto de entrar como parte do pagamento de dívida, com direito a troco de R$ 6 milhões. Aquele que despontava como o grande camisa 10 da atual geração virou moeda de troca? Constatação triste, mas que se deve a ele próprio.
Não é nada bonito ver o São Paulo contestar a cobrança, com a alegação de que não é bem assim. Só a existência de algum aspecto mal explicado no acerto entre os clubes depõe contra quem fez comandou a negociação. Com a experiência octogenária de vida, de quem já negociou milhares de atletas, o São Paulo não pode se equivocar numa transação, ainda mais se envolver Kaká e estrangeiros. Inadmissível e com direito a cobrar de quem cometeu tamanha gafe.
Eta fase! E os dirigentes não perdem a pose e afirmam que está tudo normal...