O que me chamou a atenção foi a reação do astro brasileiro. O Spider cuspiu abelhas africanas, após saber do resultado, e não teve dúvida em abrir o verbo e falar em "corrupção total". Jogou o revés nas costas dos jurados que avaliaram o desempenho dele e do adversário.
Anderson foi mais enfático ao acrescentar, após o "corrupção total", que "às vezes é que nem no Brasil". Epa, calma lá? Que papo é esse de aliar maracutaia só com o Brasil? Que história é essa de pensar que o país dele, meu, seu, é feito apenas de tramoias, roubalheiras e safadezas?
Não sou ingênuo, não nasci ontem e me incomoda ver sujeiras. Não gosto de ser garfado e sei que temos muita corrupção. Infelizmente, é fato. Essa praga vai dos pequenos deslizes do dia a dia até as mamatas bilionárias, que jogam no bolso de ladrões a saúde, a segurança, a merenda escolar e tantas outros direitos.
Mas o brasileiro é acima de tudo batalhador. O povo trabalha, se esfola, dá duro pra tocar a vida. Não merece ser jogado na vala-comum dos mutreteiros, como muitos desabafos mandrakes. Temos corrupção, mas não aceito o complemento de "total".
Quanto mais se bate nessa tecla, mais se aprofunda a péssima imagem que nós temos de nós mesmos. E mais nos mostramos subservientes para os ladrões da pátria.
Anderson perdeu, tem o direito de irritar-se, vale criticar os critérios dos jurados. Pode até falar em falta de transparência. E não surpreenderá se, logo mais, vierem com proposta de revanche. Com bolsa milionária.
Mas não venha com a conversa de que "parece o Brasil".
A propósito: não é Anderson que retorna às atividades depois do gancho por doping? Doping não é uma espécie de corrupção?