Não costumo alinhar-me ao coro dos politicamente corretos, acho enorme chatice a tendência a transformar o futebol em coisa certinha, quadrada e insossa. Enfim, gosto daqueles que se atrevem a fugir do lugar-comum, nos dribles e nas declarações. E entendo que PC Gusmão teve a pretensão de fazer um jogo de palavras. Foi mal e não tenho como concordar com disparate de tal envergadura. Na escorregada, mostrou desconhecimento mastodôntico a respeito da atividade dos bancários e poderia ter passado sem essa.
O trabalho em bancos - e isso está provado - é das atividades profissionais mais estressantes que há. Se PC tiver curiosidade de consultar sindicatos da categoria ou registros do INSS, vai ficar de queixo caído com o índice de licenças, afastamentos, aposentadorias precoces, tratamentos psiquiátricos provocados pela rotina do trabalho nos bancos. Lidar com cifras, com dinheiro dos outros, com contas que devem estar obsessivamente corretas é de tirar o sono e a saúde de muita gente. Bancários sofrem pressão absurda - e os salários e os benefícios estão longe, na imensa maioria dos casos, de terão compensação proporcional.
Vida de treinador também não é fácil, pois é xingado, cobrado, ameaçado pelo menos duas vezes por semana. Mas lhe resta como consolo estipêndios generosos e outras benesses - pelo menos para aqueles que atuam em clubes de ponta, como é o caso do Vasco. Não me importa o salário d e PC Gusmão e torço para que seja sempre bem pago. Mas viro mico de circo, se não for quilometricamente mais polpudo do que o de milhares de bancários, os guardiães da grana de figurões como o ilustre treinador.
Em tempo: ou o Vasco de acerta logo, ou haverá batata assando com rapidez em São Januário.