A data da volta aos gramados vai depender mais do clima no Parque São Jorge e menos de seu condicionamento. A decepção com a queda precoce na Libertadores persiste. Porém, como tudo na vida, tende a amainar com o tempo. E é com esse santo remédio que contam jogador, treinador e dirigentes. O Fenômeno foi um dos alvos principais da ira da torcida, após o fiasco na Colômbia - compreensível, por se tratar do nome mais importante do elenco e um dos que se mostraram impotentes. Injustificáveis foram, e sempre serão, as atitudes violentas.
Ronaldo também tocou num vespeiro ao levantar suspeita de que parte dos protestos foi encomendada. Haveria motivação política nos xingamentos e tentativas de agressão ocorridos nos últimos dias. Tese corroborada por outros companheiros e mesmo pelo presidente Andrés Sanchez, que tocou no assunto em entrevista publicada nesta terça-feira pelo jornal "Folha de S. Paulo". Enquanto não houver serenidade, o atacante fica de molho. Prudência.
Independentemente do astral no clube, a tendência é a de que as aparições de Ronaldo no time sejam sempre mais espaçadas daqui em diante. Ele prometeu, ainda uma vez, dar a volta por cima e encerrar contrato com o Corinthians, e a carreira, com dignidade. Não duvido de seus propósitos e torço para que não sejam apenas retórica. O entrave hoje está no físico, há tempos fora de sintonia com a velocidade de seu raciocíonio, habilidade, inteligência.
Não foi por acaso que o clube correu atrás de substituto e tentou Adriano e Luís Fabiano. A aposta acabou por recair em Liedson, que não é nenhum garoto (em dezembro fez 33 anos). Em compensação, estava em atividade regular em Portugal e em boas condições físicas. Ele será o responsável pelo ataque corintiano e, espero, com eficiência maior do que Souza, Iarley, que já saíram, ou Edno. E, quem sabe?, às vezes atuará ao lado de Ronaldo. Que, apesar das decepções recentes, merece retirar-se com aplausos e não com vaias. Dependerá dele.