Não há por que contestar a conquista do Flu - Muricy Ramalho e seus jogadores mereceram dar a volta olímpica no Engenhão. E eu faria raciocínio semelhante, se a taça tivesse ficado com o Cruzeiro ou com o Corinthians. O trio que chegou ao ato final em condições de terminar em primeiro lugar é digno de respeito. A diferença entre eles foi mínima, restringiu-se a detalhes, para ficar em lugar-comum tão ao gosto dos boleiros.
A ascensão do Flu começou um ano atrás, em 6 de dezembro de 2009, com o empate de 1 a 1 com o Coritiba, fora de casa. Aquele resultado garantia a permanência na Primeira Divisão e foi recebido como um gesto heróico. Os gritos de "time de guerreiro", entoados por torcedores eufóricos, impregnaram o grupo em 2010. Muitos dos campeões de hoje são remanescentes dos dias de sufoco e parecem ter aprendido a lição. Não se pode fazer restrição a uma equipe que liderou a maior parte da competição.
O Fluminense venceu pela regularidade, pela eficiência, pela qualidade de jogadores como Mariano, Carlinhos, Diguinho, Fred, Emerson, Washington, Deco e sobretudo Conca. O argentino foi o motorzinho do time, participou de todos os jogos, fato raro no futebol atual. Não se reclama, não é expulso, não fica dodói. O grande regente do elenco. Do lado de fora, os méritos vão para Muricy, que havia levado baques com as demissões no São Paulo e no Palmeiras e reencontrou a glória nas Laranjeiras.
O Flu não teve apresentação de gala contra o Guarani, mas jogou o suficiente para assegurar a vantagem e o título. O mesmo fez o Cruzeiro, nos 2 a 1 de virada diante do Palmeiras. O Corinthians tropeçou no desânimo, no 1 a 1 com o Goiás, e termina em terceiro lugar. Ainda bem que os atletas de Goiás, Guarani e Palmeiras se comportaram com altivez e suaram a camisa, dentro de suas limitações. Felizmente, os árbitros não se tornaram protagonistas e não houve lances polêmicos a lamentar.