Desde o dia em que Andrés Sanchez anunciou que bateu a cabeça na parede e lhe deu na veneta a vontade de ver Tevez no Parque São Jorge achei a história estranha. Escrevi aqui e na minha coluna no Estadão, além de comentar na ESPN, que não via razão para que o clube investisse em torno de R$ 180 milhões nessa contratação - metade desse valor para o Manchester City e quase o mesmo em salários para o argentino.
Os cálculos apresentados pelo dirigente não me convenceram. Ele dizia que ações de marketing cobririam com facilidade as despesas para manter Tevez até 2015. Publicidade, venda de camisas e bilheteria seriam suficientes. O dirigente estava superestimando o carisma do atacante, que nem de longe tem o poder de venda de Ronaldo. Um foi eleito três vezes melhor do mundo; o outro é conhecido por aqui, na Argentina e na Inglaterra. É simpático à Fiel, mas só isso não basta.
O mais impressionante era pagar uma nota altíssima para um atleta que, dentro de quatro anos, não terá nem um quinto desse valor no mercado. Por mais que seja bom de bola, não vale os 90 milhões oferecidos pelo Corinthians, muito menos os 110 que o City pediu para liberá-lo. Alguém endoidou nesse caso - e acho que foram os cartolas de lá e de cá. O pessoal perdeu a noção do valor do dinheiro.
O Corinthians foi tão mão aberta que me faz imaginar que a grana está fácil no Parque. O dinheiro deve estar entrando fácil. Para mostrar que tudo não passou de um factoide, de uma jogada de publicidade, então a diretoria deve ir às compras. Se dispunha de 90 milhões para torrar com Tevez (mesmo que em parcelas), deve agora canalizá-los para outras frentes. Dá para trazer uma penca de bons jogadores com essa quantia.
Ou era tudo conversa fiada? Esse episódio me fez lembrar de outros dois: o de Seedorf, em abril, que já era dado como certo e ele renovou com o Milan. E, mais atrás (fim de 2009), o de Riquelme, também tido como contratado e que virou fumaça de uma dia para outro.