Porém, o Corinthians tem a partir de hoje uma sequência que, se bem aproveitada, no mínimo vai garantir-lhe folga na dianteira até a virada de turno. A tabela prevê uma penca de ameaçados no caminho da turma de Tite e, de quebra, haverá dois clássicos estaduais - contra o Santos (no dia 10) e o Palmeiras (no dia 28). Se em agosto mês de cachorro louco, o alvinegro não dormir no ponto, a toada para o sucesso será mantida.
O Corinthians começa essa fase importante em Florianópolis, contra o penúltimo colocado. No meio da semana, recebe o América Mineiro, no momento antepenúltimo, e no outro domingo dá um pulinho em Curitiba para desafiar o Atlético-PR, hoje lanterna. No dia 14, joga com o Ceará no Pacaembu e em 17 fará uma visita ao Atlético-MG. Três dias mais tarde, encara o Figueirense outra vez em casa. No papel, a chance de continuar no embalo é formidável.
Claro que essa lista deve ser tomada apenas como referência. Se favoritismo sempre fosse confirmado, o futebol viraria um esporte chato, falido e já tinha ido para a cucuia no gosto popular. Por outro lado, se uma equipe vacilar quando topa com adversários em fase sujeita e chuvas e trovoadas, tem forte probabilidade de chorar as pitangas mais adiante.
Exemplos recentes foram dados por São Paulo e Flamengo. No outro final de semana, tricolores emperraram no Morumbi, com 2 a 2 com o Atlético-GO. Se tivessem colocado a vitória no bolso, estariam agora com 27 pontos em 12 jogos, um a menos do que o Corinthians (com 11 partidas). No mesmo sábado, o Fla se enroscou com o Ceará; por isso, tem 24 pontos e não 26 como seria ideal.
Mas, se fosse o Tite, sabe o que faria? O quê?! Não, não você se enganou. Não estaria aqui a escrever sustentabilidade numérica de marcador, nem dirigibilidade do plantel nem mesmo treinabilidade aplicada. Essa linguagem deixo para o professor corintiano. Brincadeira à parte, eu recorreria ao Palmeiras de 2009 como parâmetro a não ser seguido.
Na arrancada final da Série A daquele ano, o time então guiado por Muricy Ramalho ostentava uma vantagem de dar inveja. Para aumentar a empolgação da nação palestrina, a tabela lhe reservava só times com a corda no pescoço. Ou seja, a taça estava no papo. Estava, é...?Daí começaram as derrapadas, empates e derrotas se acumularam mais do que escândalos no Ministério dos Transportes. No fim das contas, o alviverde imponente não pegou nem vaga na Libertadores de 2010. Um fiasco e tanto.
Olho gordo é o que não falta, e já vi muita gente apostar que o tropicão com o Cruzeiro foi o início da degringolada corintiana. Não creio, embora tenha detectado uma reação preocupante no time. Na primeira vez em que se deparou com oponente que soube fechar-se com eficiência e, ainda por cima, mostrou paciência de Jó para aproveitar brecha no ataque, o líder do Brasileiro se deu mal. O Corinthians teve mais posse de bola, pressionou, porém chegou pouco à área mineira. Arriscou chutes de média distância e teve barreira adicional no goleiro Fábio.
Mais do que isso ficou evidente o nervosismo de alguns jogadores. O zagueiro Leandro Castán bateu na tecla de que foi complicado superar um rival que "não queria jogar". Ora, retranca pode ser feio, mas faz parte do futebol. O time tecnicamente superior que se imponha, que encontre alternativas para abrir o ferrolho. (Epa, essa só o pessoal mais veterano, a turma da boccia, conhece...)
É hora de o Corinthians exibir serenidade e energia de vencedor. E hora também de superar a série de baixas (Júlio César, Alessandro, Chicão, Wallace, Liedson). A bola continua a quicar na frente dos alvinegros. Cabe a eles não imitarem os batedores de pênalti da seleção contra o Paraguai. Não é tarefa tão difícil assim.
Como diria Toninho Cazzeguai, com sua filosofia de várzea e tão bom-retirense quanto o Corinthians: "O Timão se complica só se for medrosinho que nem filhinho de mamãe."
*(Íntegra da minha coluna do Estado deste domingo, dia 31/7/2011, que foi trocada por textos do sorteio da Copa de 2014.)