Para algum distraído, vale lembrar que o presidente Joseph Blatter foi afastado; o secretário-geral, Jerome Valcke, demitido: o presidente da Uefa, Michel Platini, está suspenso; e diversos integrantes foram parar na cadeia ou respondem a processos por sonegação, lavagem de dinheiro e outros crimes correlatos.
Ou seja, a credibilidade da Fifa é semelhante à de uma nota de 3 reais, ou de 3 dólares, se preferir.
Ainda assim, a festa desta segunda-feira em Zurique transcorreu como se tudo estivesse na maior normalidade, como se fora patrocinada por uma empresa ilibada. Os craques compareceram, assim como técnicos, dirigentes, ex-jogadores. Público na maior elegância, adequado para a gala e circunstância do momento.
Nenhum "a" a respeito dos inquéritos policiais encabeçados pelo FBI, nem um pio sobre a ausência de Blatter. Nenhum jogador a manifestar contrariedade. Todo mundo sorridente, asséptico, limpo. Todos coniventes, a começar pelos premiados.
Gente do calibre de Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar, Iniesta tem cacife para marcar posição. Um gesto que fosse chamaria a atenção. Uma ausência acintosa faria estrago saudável.
Nada. Preferiram driblar saia-justa como driblam marcadores.
O mundo do futebol é hipócrita.
A única nota de ironia, que destoou do falso glamour, foi a vitória do humilde e simples Wendell Lira, no quesito gol mais bonito. Um jovem operário da bola, do provinciano Goianésia, desbancou Messi e Florenzi (Roma), os outros concorrentes.
Sei, é votação por internet, discutível. Mas essa foi engraçada, um tapa na cara da Fifa. Pelo menos isso.
PS. O prêmio para o Messi? Mais um, bola cantada, merecido. E nenhuma surpresa. O mundo só olha para o futebol da Europa. Segue o jogo.