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O vôlei com conhecimento e independência

A doce rotina de Helô, nômade assumida e realizada na França

Já são duas temporadas longe do BRASIL.

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Por Bruno Voloch
Atualização:

A mineira Helô é mais uma que optou em trocar a instabilidade do vôlei brasileiro pela segurança do europeu. O Olympique Mougins, da França, é o quarto clube diferente na carreira dela, isso só na Europa, sem contar com a passagem pelo Cazaquistão em 2018.

O blog procurou Helô e conversou com a jogadora.

 

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A atleta não esconde a felicidade. Vive bem, aproveita a oportunidade de aprender novos idiomas e diz estar completamente ambientada ao país e a cultura francesa. Lembra com carinho as passagens por Osasco e Rio de Janeiro, da temporada inesquecível no extinto Rio do Sul e do aprendizado na Alemanha e Indonésia.

Ri quando é chamada de nômade. Assume.

Helô no entanto diz que a cobrança é grande. Ser a estrangeira ou uma das estrangeiras aumenta a responsabilidade não importa o país. A França segue a linha.

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Ela admite que tem saudades do BRASIL e da Superliga e pretende dar um tempo, fixar residência, o que não significa que seja aqui.

Propostas chegam de todos os lados.

Por que aumenta a lista de jogadoras deixando o BRASIL para jogar no exterior?

Creio que a falta de investimento, estabilidade e projetos que visam continuidade é um dos principais motivos para a saída de muitos jogadores. Isso porque fora tem muita chance também, abre um leque gigante. Mas acredito que para um atleta, não só como atleta, mas como pessoa, a oportunidade de viver uma experiência internacional é muito atraente. E na minha visão bastante enriquecedora.

Você está desde 2017 fora do país. Como e quando a Helô decidiu sair?

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Eu decidi sair quando eu percebi que eu teria mais oportunidade de jogar, de ser contratada para uma posição importante numa equipe indo para fora. No momento que saí as chances de para partir eram muito mais interessantes do que ficar.

São duas temporadas na França. O que pode falar da atual passagem?

A atual temporada está sendo complicada se pensarmos em resultados. Mas em vários outros aspectos está sendo muito boa para mim. Mudei de clube e mesmo estando ainda na França e mais adaptada de alguma forma, estou sempre tendo que aprender e me ajustar, aprendendo muito com tudo isso. Aqui preciso entender e falar a língua, o que na verdade é uma ótima oportunidade de melhorar com o idioma.

 Foto: Estadão

Indonésia e Alemanha também estão no seu currículo entre idas e vindas. Aprovou?

Sim, aprovadíssimo. Duas ligas completamente diferentes, momentos diferentes, culturas totalmente incompatíveis. Mas dentro dessa vida que escolhemos creio que esse seja o grande lance. Alemanha uma liga muito forte e competitiva, frio e o jeitão alemão. Indonésia, a liga é bem interessante, diferente, mas você joga para muitos fãs, o suporte ao estrangeiro é fantástico, um país super quente, de gente sempre sorridente, tive grandes momentos lá. Para mim, todas as experiências sempre acrescentam bastante na minha vida.

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Você pretende voltar ao Brasil ou como a maioria fazer carreira por aí?

Voltar ao Brasil é uma possibilidade sim. Eu gosto de morar fora e ter tantas experiências, mas sempre sinto falta do meu país e da superliga. Mas creio que para os próximos anos o mais importante é eu ficar um bom tempo em um só lugar.

A Helô passou pelos principais clubes brasileiros como Osasco e Rio. Acha que poderia ter sido mais aproveitada?

Em Osasco eu era muito jovem, realmente tive uma passagem discreta para completar o grupo que ficava desfalcado das meninas da seleção. No Rio eu tive minha primeira grande oportunidade, tendo o meu trabalho reconhecido. Mas ainda assim não teria o destaque. É possível que nas duas ocasiões eu pudesse ter criado mais oportunidades, mas no final das contas, como todas as outras equipes, essas duas acrescentaram muito para mim. Osasco, a primeira vez em um mundial, e o Rio, tantos títulos, vitórias e aprendizado com profissionais de qualidade e atletas do mais alto nível.

Curiosamente a temporada que mais brilhou com no extinto Rio do Sul, por que foi tão marcante?

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Aquela equipe, naquele ano em Rio do Sul, encaixou muito bem. Tínhamos um elenco jovem, e queria bola, um ótimo treinador que era apaixonado pela possibilidade de entregar algo aquele projeto e uma cidade que desejava muito isso. Ele abraçou com tudo aquele momento de glória. Foi uma ótima combinação que me permitiu brilhar junto também. É uma pena ter acabado.

E essa vida de nômade?

Minha vida de nômade atualmente é mais tranquila. Vivo minha rotina de treinos e afazeres diários com bastante gosto, mas sempre aproveito para passear um pouco quando posso. Aqui na Europa tudo é tão colado, né? Mas o que mais me anima é quando posso tomar um pouco de sol de verdade, em qualquer dia que não esteja tão frio. Mas tenho sorte de morar no sul da França com relação a isso. E claro, sair com os amigos, conhecer novos sabores e hábitos. Entre tudo isso, um Netflix básico, mas não muito, acredite (risos) e leituras normalmente voltadas para o desenvolvimento pessoal e espiritual.

 

O brasileiro realmente é mais valorizado lá fora?

Sim, o brasileiro tem seu valor garantido aqui fora, dentro da minha visão. Mas como todo estrangeiro, a responsabilidade é sempre grande e na hora que a bola sobe não tem nacionalidade garantida, as oportunidades são muitas, mas a concorrência também é grande. Mas o grande diferencial, na minha visão, é que no Brasil temos uma escola muito boa, a base é forte, ou pelo menos costumava ser, e agora temos tantos brasileiros por aí mundo afora e que posso continuar assim.

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Projeto de vida? Planos?

Meus planos são de jogar muitos anos. Tentar mais uma vez conciliar estudos com carreira, já que temos mais facilidades com cursos à distância. Mas um dia terminar o curso de educação física e seguir trabalhando com esporte e preparação física. E falando realmente de vida pessoal (risos) adotar um gato e cachorro, me casar, quando possível, e quem sabe ter filhos. Mas realmente não tenho planos concretos nessa direção, por enquanto, só quero aproveitar tudo o que eu puder, dentro e fora das quadras. De todos os lugares, de todas as pessoas. A vida é um presente. Cada pessoa nas nossas vidas é presente, podemos aprender com todo mundo.

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