Quem define o momento profissional que vive é a própria jogadora.
Marjorie Correa, paulista, 27 anos e com passagem pelas seleções de base, é mais uma que decidiu trocar o BRASIL pela Europa. E não se arrepende.
Há duas temporadas na França, ela exala felicidade. Diz que foi muito bem recebida, se adaptou com facilidade, se encontrou como atleta e ser humano e está realizada profissionalmente.
Nesse papo com o blog, Marjorie fala com carinho dos tempos de BRASIL, mas em especial de Osasco, onde enaltece o convívio e aprendizado na época.
Ela não descarta voltar, mas a falta de incentivo ao esporte e a insegurança em relação a continuidade dos projetos e seus respectivos patrocinadores geram insegurança.
Diante desse cenário, Marjorie, valorizada, prioriza a renovação de contrato com o Saint Raphael.
Por que a decisão de jogar na Europa?
Já havia alguns anos que eu sonhava em deixar o Brasil e me apresentar ao mercado internacional. Por vários motivos, um deles era enxergar o vôlei por outros ângulos, métodos de treinos, jogar uma liga diferente, além de adquirir cultura, aprender um novo idioma e ter novas experiências tanto no vôlei quanto na vida.
Você acha, assim como várias jogadoras, que conseguiu a verdadeira valorização na Europa?
Eu tive excelentes momentos no Brasil. Fui campeã sul-americana e vice campeã mundial com a seleção brasileira de base. Ingressei na Superliga cedo, aos 17 anos, em Macaé com o técnico Alexandrinho. Passei 3 anos consecutivos no Osasco entre inúmeros títulos. Joguei em clubes tradicionais como Pinheiros, São Caetano e Sesi. Foram muitas oportunidades, momentos bons e ruins durante esse período. Agora, aos 26 anos, optei em jogar na Europa e me sinto bem com essa escolha.
Por que a França e você se deram tão bem?
Eu costumo dizer que não fui eu quem escolhi a França, foi ela quem me escolheu. Desde o primeiro momento eu me senti muito bem aqui. Me adaptei rápido a cultura, métodos, clube, moradia, alimentação. Tive facilidade com a língua pois precisava me comunicar e apesar de nunca ter tido problemas por ser estrangeira e não dominar a língua, sinto os franceses receptíveis e educados, diferente do que a maioria das pessoas dizem.
Faltou oportunidade no Brasil?
Não sinto que me faltaram oportunidades no Brasil, aproveitei as que eu tive, e optei por um caminho diferente ao decidir jogar em outro pais.
Você passou por Sesi, São Caetano, Osasco e Pinheiros. Quando foi seu melhor momento?
Osasco com certeza agregou muito na minha carreira. Convivi com atletas do mais alto nível nos 3 anos que joguei lá. Treinar com Thaísa, Adenízia, Dani Lins, Sheilla, Brait, Mari, entre outras, elevava muito o patamar. O clube tem uma ótima estrutura, a CT trabalha de forma exemplar e o Luizomar nem se fala, sempre me apoiou, me incentivou e me preparou para o futuro no qual eu vivo hoje. Sou muito grata pela experiência e todo aprendizado que adquiri nesse período.
O que pretende para seu futuro?
Como eu disse, me adaptei muito bem aqui na França, estou em um bom clube, o campeonato é forte e competitivo, ficaria muito feliz e satisfeita em continuar jogando aqui, mas também não descarto a hipótese de retornar para o Brasil. Isso depende muito de proposta, do clube, enfim. O Brasil é a minha casa e independente de qualquer coisa eu amo o meu país.
Por que tantas jogadoras estão optando em atuar fora do BRASIL?
Acredito que a falta de incentivo no esporte brasileiro é a principal causa dos atletas saírem do país. Muitas vezes até gostaríamos de poder treinar e morar 'em casa', mas vemos um cenário complicado, falta de patrocínios, clubes sem conseguir pagar os jogadores, clubes fechando as portas toda temporada, investimentos diminuindo a cada ano. Muitas vezes não restam opções além de aceitar um contrato no exterior, garantir o salário, ter o dinheiro valorizado pela cotação do dólar/euro e começar uma vida nova.