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Histórias, lugares e provas

O tal do legado olímpico

Por andreavelar
Atualização:

Abebe Bikila puxou a fila ainda nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960. O etíope, que teve a história contada em O Atleta, despertou o interesse de todo o continente africano para as corridas de rua. Um salto no tempo, muitas outras conquistas e o compatriota Haile Gebrselassie continuou a escrita. Mas a aposentadoria chegou para ele. O curioso é que ela chega no mesmo dia em que surge um novo candidato a imperador no seu país: Gebre Gebremariam, vencedor da Maratona de Nova York. Aos 37 anos, Gebrselassie sentiu nos joelhos o desafiador percurso da última das Maiores Maratonas do Mundo. Por volta do quilômetro 26, não foi a perseguidora tendinite que falou mais alto. Foi a certeza de que toda uma história de sucesso não poderia ser apagada por um rendimento sequer aquém do esperado. Foram dois ouros olímpicos nos 10 mil metros (Atlanta 1996 e Sydney 200), 27 recordes mundiais (dos 3.000 metros à maratona), quatro campeonatos mundiais e 2h03min58 na Alemanha. Teve dignidade, mesmo tendo relutado em pendurar os tênis. "Nunca pensei em aposentadoria. Mas pela primeira vez, este é o dia. Deixe-me parar e fazer outros trabalhos depois disso. Eu me esforcei bastante para vencer esta corrida, mas não deu certo. É hora de sair e dar oportunidades para os jovens", disse Haile. Novato, sem nenhum título de expressão até então, Gebremarian está longe de feitos como de seus compatriotas Haile e Bikila. Talvez, e até mais provável, nem nunca chegue aos pés dos dois. Mas se o ídolo de toda uma nação pôde parar com tranqüilidade é também por conta do feito de mais uma página de sucesso na história do atletismo na Etiópia. É o tal do legado olímpico. Um tanto às avessas, por competência e destino dos atletas, mas com uma certa dose de inspiração e olhar dos ídolos. O brasileiro. Marilson Gomes dos Santos sofreu com o frio de 4 graus Celcius na hora da largada. Ainda assim, esteve o tempo todo no pelotão de frente e terminou em uma honrosa sétima colocação. Ele era o único em Nova York que corria pelo terceiro título da prova. "Das vezes em que competi aqui, esta foi a prova mais fria", disse o campeão de 2006 e 2008.

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