Bicampeã da Maratona Feminina dos Jogos Pan-americanos, Adriana venceu a primeira corrida de rua aos 12 anos, em sua cidade natal Cruzeiro (SP). Vem de uma família muito humilde, chegou a passar fome na infância. Em 2006 sofreu uma séria lesão que quase interrompeu sua carreira. Mas foi descoberta pelo técnico Cláudio Castilho, do Esporte Clube Pinheiros, que apostou no seu potencial. Após três anos de tratamento estreou com vitória na sua nova categoria - maratona, subindo no degrau mais alto do pódio em Florianópolis (SC). Com a corrida de rua e as maratonas, Adriana conseguiu dar uma vida melhor à sua família. E de quebra inspirar uma legião de mulheres a correr, me incluiu nesta lista.
Largaram 51.307 corredores de 139 países em Nova York no último domingo, 541 não conseguiram concluir a prova. Cruzaram a linha de chegada 29.678 homens e 21.088 mulheres. Os mais velhos foram Manfred Ritter de 82 anos (05:25:27) e Ginette Bedard de 84 anos (06:12:53). Esta prova é realizada desde 1970 e já foi concluída por 1.176.542 pessoas no total.
Este ano a norte-americana Shalane Flanagan, de 36 anos, venceu com o tempo de 02:26:53 quebrando um jejum de 40 anos, desde 1977 uma americana não vencia em Nova York. No masculino deu Quênia.Depois de sete tentativas Geoffrey Kamworor, de 24 anos, conseguiu concluir sua primeira maratona e com vitória (02:26:53). Entre as celebridades que encararam a maratona estão o chef de cozinha Daniel Humm, o ator Kevin Hart, o cantor Prince Royce e as modelos Karlie Kloss e Candice Huffine.
Por que escolheu correr a TCS NYC Marathon?
Adriana Aparecida da Silva - Escolhi Nova York para correr este ano porque não precisava concluir uma maratona rápida no segundo semestre, pra fazer marca, o que sempre tenho que fazer para conseguir os índices para os jogos pan-americanos, olimpíadas. Então era um semestre mais tranquilo e como Nova York é uma prova muito diferente de todas, muito dura, uma prova que você não pode contar com a possibilidade de fazer marca, resolvi fazê-la. É uma prova que sempre tive vontade de fazer, todo mundo me dizia que ela é muito especial, e queria viver esse momento e este desafio, que é correr a maratona mais importante do mundo e a mais dura. E foi muito legal e muito especial mesmo, ainda mais com a vitória da Shalene, que há muitos anos nenhuma americana vencia, e com a despedida do Meb (Meb Keflezighi, lenda das maratonas, foi sua 26º 42K e última como atleta profissional), o que tornou essa maratona ainda mais emocionante. Pude vivenciar esse momento único da história do esporte, correndo a mesma maratona que eles. Adorei a prova e pretendo retornar a Nova York para mais um desafio.
Qual foi a melhor parte da sua primeira NYC Marathon?
Adriana Aparecida da Silva - A melhor parte para mim foi o final. Apesar de ser muito duro foi muito bom. Senti a força da torcida me empurrando bastante e, como sabia que a linha de chegada se aproximava, tentava fazer as subidas da melhor maneira possível, inclusive consegui pegar algumas adversárias, que estavam ficando para trás.
E a parte mais dura?
Adriana Aparecida da Silva - A pior parte foi o início. Até o KM 5 foi muito travado, muito lento, e logo depois da subida da ponte - a subida achei fácil - houve uma mudança de ritmo brusco das adversárias, que aceleram muito, e fiquei sozinha. Não esperava por isso e sofri bastante nesse pedaço.
Qual foi a estratégia?
Adriana Aparecida da Silva - Obtive a 17º colocação (02:37:22) e nossa estratégia foi distribuir bem o ritmo. No entanto, como no início teve essa quebrada de lento para muito forte, depois fui tentando ajustar a corrida ao meu ritmo e aos poucos consegui me encontrar na prova.
Foi sua última prova do ano?
Adriana Aparecida da Silva - A Maratona de Nova York praticamente fechou o ciclo de 2017, mas ainda tenho a pretensão de correr a Volta da Pampulha (3/12 Belo Horizonte) e talvez a São Silvestre (31/12 em SP). Isso depende de como será a minha recuperação da Maratona de Nova York. Já estou em São Paulo e estou com muitas dores musculares, muita dor na panturrilha, no posterior. Então essa semana vou me recuperar e se ficar bem, posso correr essas duas provas de final de ano.Quais são suas dicas para quem pretende correr essa maratona?
Adriana Aparecida da Silva - Disciplina, tem que ter muita disciplina e traçar uma meta. Para encarar o desafio de correr a Maratona de Nova York é preciso ter coragem. Ela tem muitas subidas e o clima não favorece. Cada maratona é diferente da outra, mas sempre é o mais importante de tudo é treinar, para que você termine bem e confiante.Qual seu objetivo para 2018?
Adriana Aparecida da Silva - Estamos definindo ainda, mas no segundo semestre pretendo correr a Maratona de Berlim.
Confira as 20 primeiras da Maratona de Nova York 2017
1 | 108 | Shalane Flanagan | 2:26:53 | OR | United States | USA |
2 | 101 | Mary Keitany | 2:27:54 | Kenya | KEN | |
3 | 105 | Mamitu Daska | 2:28:08 | NM | United States | ETH |
4 | 102 | Edna Kiplagat | 2:29:36 | Kenya | KEN | |
5 | 126 | Allie Kieffer | 2:29:39 | NY | United States | USA |
6 | 120 | Sara Dossena | 2:29:39 | Italy | ITA | |
7 | 117 | Eva Vrabcova | 2:29:41 | Czech Republic | CZE | |
8 | 114 | Kellyn Taylor | 2:29:56 | AZ | United States | USA |
9 | 106 | Diane Nukuri | 2:31:21 | AZ | United States | BDI |
10 | 116 | Stephanie Bruce | 2:31:44 | AZ | United States | USA |
11 | 109 | Buzunesh Deba | 2:32:01 | NY | United States | ETH |
12 | 111 | Christelle Daunay | 2:32:09 | France | FRA | |
13 | 115 | Aliphine Tuliamuk | 2:33:18 | NM | United States | USA |
14 | 132 | Emma Quaglia | 2:34:10 | Italy | ITA | |
15 | 119 | Serkalem Biset Abrha | 2:34:23 | NM | United States | ETH |
16 | 123 | Askale Merachi | 2:36:38 | NY | United States | ETH |
17 | 118 | Adriana Aparecida Da Silva | 2:37:22 | Brazil | BRA | |
18 | 110 | Jessica Augusto | 2:37:33 | Portugal | POR | |
19 | 131 | Belaynesh Fikadu | 2:39:01 | NY | United States | USA |
20 | 122 | Laurie Knowles | 2:40:09 | NC | United States | USA |