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Provas de rua de A a Z

Cartilha pretende ensinar aos homens a não assediarem corredoras que treinam sozinhas no escuro

White Ribbon e adidas unem forças para essa ação de transformação de comportamento

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Por Silvia Herrera
Atualização:

Sim, eu tenho medo de correr sozinha no escuro. E não sou a única. Cada vez leio mais relatos como o meu. E esse medo da violência e do assédio é compartilhado por mulheres em todo o planeta há anos. E começam a surgir  movimentos  que discutem essa insegurança feminina e novos caminhos possíveis a seguir. A White Ribbon é um desses movimentos. Eles contam com o apoio da adidas e, entre as ações planejadas, vão criar uma cartilha de conscientização dos homens, para iniciar uma transformação de comportamento masculino, visando o fim da violência contra o gênero feminino.

Por conta do machismo, mulheres não se sentem seguras para correr onde e quando quiserem  

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Esse inovador programa educacional será co-criado pela adidas junto com White Ribbon e Amanda Sussman, advogada e escritora canadense (The Art of the Possible). Mais de 250 treinadores da comunidade internacional da adidas Runners, em todo o mundo, receberão a cartilha e se tornarão embaixadores designados da missão de criar um ambiente de corrida mais seguro para atletas femininas na cidade onde atuam. O manual conterá ferramentas de aliança detalhadas e etapas de ação para ajudar a comunidade a entender e reconhecer melhor os problemas, além de promover o desenvolvimento e o crescimento pessoal das atletas. Isso incentivará homens e meninos a uma reflexão sobre seu comportamento, assumindo responsabilidade e se tornar aliados que possam garantir que todos estejam seguros para correr da maneira que quiserem, onde e quando quiserem.

"Não se trata do que as mulheres deveriam fazer para se sentirem seguras enquanto correm. Na verdade, é o contrário. Muitas mulheres se preocupam com sua segurança enquanto correm e também se cansaram de ouvir como adaptar seu comportamento para garantir sua segurança", destaca Humberto Carolo, diretor executivo da White Ribbon. Ele acrescenta que durante anos, as mulheres foram informadas de que, para se manterem seguras, não deveriam correr sozinhas no escuro. No entanto, dizer às mulheres como se comportar apenas transfere a responsabilidade pelo assédio e violência sexual de volta para elas, sem abordar a necessidade de educação e conscientização entre os homens.

DESIGUALDADE - Rebecca Gough, senior manager Adidas Runners Communities, corre há mais de 20 anos e já passou por poucas e boas. "Eu já sofri assédio enquanto corria, desde ser chamada de gata até ser seguida e agarrada. No inverno, mudo meu comportamento de corrida, corro só em grupos, deixo meus amigos saberem quando e onde estou correndo - é apenas algo que as corredoras sabem fazer. Nós não temos as mesmas oportunidades de correr quando queremos como os homens. Isso destaca a importância e a necessidade dessa iniciativa para aumentar a conscientização sobre a desigualdade de gênero e como isso impacta a cultura da corrida. É importante olharmos a fundo para as causas e como os homens podem se tornar defensores da segurança das mulheres no esporte e na corrida", avalia.

Ela destaca que muitas mulheres se preocupam com sua segurança enquanto correm e já se cansaram de ouvir como adaptar o próprio comportamento para garantir sua segurança. Durante anos, as mulheres foram informadas de que, para se manterem seguras, não deveriam correr sozinhas no escuro, mas isso não acaba com o problema, e uma das novas soluções é  abordar a necessidade de educação e conscientização entre meninos e homens. "É por isso que colaboramos com especialistas da White Ribbon e Amanda Sussman para ter um olhar mais apurado para a raiz do problema e educar sobre a questão global da violência contra as mulheres, transformando esse cenário para as futuras gerações", avalia Rebecca.

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Humberto Carolo observa que é fundamental mudar comportamentos. "Queremos encorajar homens e meninos a uma reflexão sobre seu comportamento, motivando uma transformação na qual assumam a responsabilidade e se tornem grandes aliados na garantia de que todos estão seguros para correr da maneira que quiserem, onde e quando quiserem. Todos os homens têm a responsabilidade de promover a igualdade de gênero em nossa sociedade em geral - e o esporte é parte disso", avalia.

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