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Provas de rua de A a Z

Pesquisa indica que exercício físico impacta positivamente no DNA

Estudo da Universidade de Copenhague destaca que 6 semanas de exercícios físicos levaram a mudanças na informação epigenética das células do músculo

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Por Silvia Herrera
Atualização:

Quem tem por hábito praticar esportes sente na pele os benefícios, vem aquela sensação gostosa depois de um treino. E as pesquisas vêm comprovando isso cientificamente. Agora, cientistas da Universidade de Copenhague descobriram que os efeitos benéficos do exercício físico podem resultar em parte de mudanças na estrutura de nosso DNA. Com seis semanas de exercício regular já há mudança no DNA do músculo.

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"Essas alterações são chamadas de 'epigenéticas'. O DNA é o manual de instruções molecular encontrado em todas as nossas células. Algumas seções de nosso DNA são genes, que são instruções para construir proteínas - os blocos de construção do corpo - enquanto outras seções são chamadas de intensificadores que regulam quais genes são ligados ou desligados, quando e em que tecido. Os cientistas descobriram, pela primeira vez, que os exercícios religam os intensificadores em regiões de nosso DNA que são conhecidas por estarem associadas ao risco de desenvolver doenças. Ou seja, o treinamento de resistência altera a atividade de intensificadores no tecido muscular, que por sua vez regula a expressão de genes que contribuem para o efeito positivo do exercício na saúde humana", explica o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral Multigene. O trabalho foi publicado online em agosto no periódico Molecular Metabolism.

Pesquisa acompanhou oito homens entre 23 e 27 anos durante seis semanas Foto: Estadão

Segundo o geneticista, a atividade física regular diminui o risco de vários distúrbios comuns, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, câncer e condições neurológicas, junto com o risco geral de mortalidade. Com uma semana já começam os benefícios, configurando o DNA de maneira positiva. Para quem pratica corrida de rua, o médico alerta que tem que tomar cuidado com a produção de radicais livres. "Na corrida você precisa de muito mais energia, ainda mais de for de endurance e vai produzir mais radicais livres, o que não é bom para o DNA, mas a corrida é um bom exercício desde que praticada moderadamente", observa Sady.

Ele acrescenta também que os efeitos benéficos do treinamento físico na saúde humana são parcialmente impulsionados por adaptações no músculo. Essas descobertas fornecem um mecanismo para os efeitos benéficos conhecidos do exercício. A equipe de cientistas formulou a hipótese de que o treinamento de exercícios de resistência remodela a atividade dos intensificadores de genes no músculo. Eles recrutaram oito homens saudáveis, entre 23 e 27 anos,  e os submeteram a um programa de exercícios de resistência de seis semanas - sessões de 60 minutos de spinning cinco vezes por semana. Os cientistas coletaram uma biópsia do músculo da coxa antes e depois da intervenção do exercício e examinaram se mudanças na assinatura epigenética de seu DNA ocorreram após o treinamento. "Os cientistas descobriram que, depois de completar o programa de treinamento de resistência, a estrutura de muitos estimuladores no músculo esquelético dos jovens foi alterada. Ao conectar esses 'intensificadores' a bancos de dados genéticos, eles descobriram que muitos deles já foram identificados como pontos de acesso de variação genética entre indivíduos - pontos de acesso que foram associados a doenças humanas", conta o geneticista.

Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB - Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica. Foto: Estadão

Os cientistas especulam que os efeitos benéficos do exercício em órgãos distantes dos músculos, como o cérebro, podem ser amplamente mediados pela regulação da secreção de fatores musculares. "Em particular, eles descobriram que o exercício remodela a atividade intensificadora no músculo que está ligada às habilidades cognitivas, o que permite a identificação de fatores musculares secretados pelo treinamento de exercício direcionados ao cérebro", explica o Dr. Marcelo Sady. Os dados fornecem evidências de uma ligação funcional entre a religação epigenética de intensificadores para controlar sua atividade após o treinamento físico e a modulação do risco de doenças em humanos. "Dessa forma, o estudo é uma importante contribuição para que possamos entender o papel do estilo de vida e da adoção de hábitos saudáveis na mudança epigenética com objetivo de prevenir doenças", finaliza o geneticista Dr. Marcelo Sady.

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