SILVIA HERRERA
13 de agosto de 2020 | 10h56
Há dois anos a World Athletics iniciou o projeto “Clean Air” e vem pesquisando o impacto da condição do ar na performance dos atletas. E como a maratona olímpica teria sido realizada no domingo, 8 de agosto, em Sapporo (Japão), a federação internacional de atletismo mandou os pesquisadores do seu departamento de Saúde e Ciência para lá , onde monitoraram dados ambientais e de qualidade do ar ao longo da mesmo trajeto, onde no ano que vem está prevista a prova masculina.
Aliás, o convite partiu dos próprios organizadores dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. O diretor do departamento de Saúde e Ciência da World Athletics, Dr. Stéphane Bermon, e o gerente do departamento, Dr. Paolo Emilio Adami, pesquisaram o trajeto em bicicletas elétricas, uma delas carregando uma Estação de Qualidade do Ar Móvel Kunak, que mede os níveis de material particulado PM2.5 e PM10, ozônio (O3) e dióxido de nitrogênio (NO2), quatro elementos que a pesquisa mostrou ter um forte impacto na saúde e no desempenho atlético. Verificaram também a temperatura e umidade relativa, e todos os dados, conferidos a cada 10 segundos, foram armazenados em uma nuvem segura para análise posterior.
Analisaram também o índice de estresse térmico, por meio de uma nova ferramenta, um lâmpada preta equipada com sensores térmicos instalada na frente da bike, permitindo o cálculo da temperatura do globo de lâmpada molhada (WBGT), que é um índice de estresse térmico.
Segundo o Dr. Adami, os primeiros indicadores foram positivos. “Em geral, a qualidade do ar era muito boa e refletia um ambiente urbano normal com condições regulares de tráfego. E se as condições forem as mesmas no próximo ano, os atletas terão uma grande corrida”, continuou o Dr. Adami, que gostou mais da parte do trajeto no Parque Universitário de Hokkaido, onde WBGT foi mais baixo devido às árvores.
A maratona foi mudada de Tóquio para Sapporo em outubro de 2019, por conta da sua da temperatura mais amena. Sapporo fica 800km ao norte da capital japonesa, e lá é tradicionalmente realizada a Maratona de Hokkaido. Os especialistas consideraram que o calor na capital japonesa dificultaria o desempenho dos atletas.
Neste projeto mundial, a World Athletics trabalha em parceria com UN Environment (PNUMA), desde setembro de 2018, quando o primeiro dispositivo de monitoramento da qualidade do ar foi instalado no Stade Louis II em Mônaco, seguido por instalações semelhantes em estádios em Adis Abeba, Sydney, Cidade do México e Yokohama. Em provas outdoor, já monitoraram a Maratona da Cidade do México, Maratona de Valência e na Maratona de Marrakech.
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