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Análise e notícias de MMA

Anderson Silva enfrenta Bisping e mira retomar o cinturão peso médio

O 'Spider' volta a competir neste sábado depois de 13 meses de inatividade, em teste que dirá se ele ainda pode ser campeão

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Por Fernando Arbex
Atualização:

Anderson Silva voltará a competir neste sábado, no UFC Fight Night 84, após quase 13 meses de inatividade, contra o inglês Michael Bisping, em duelo que nos dirá o que o brasileiro ainda tem a oferecer ao MMA. A dois meses de completar 41 anos, o ex-campeão peso médio, se estiver em boa forma, não deverá encontrar dificuldades para vencer seu adversário, mas uma apresentação ruim talvez decrete que as cortinas estão se fechando para o "Spider".

Crédito: UFC/Facebook/Reprodução Foto: Estadão

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Burocrata. A verdade é que Bisping não oferece muito perigo a Anderson. O atleta britânico está no Ultimate desde 2006 e em mais dez anos não foi capaz de se credenciar a uma disputa por título. É o chamado "porteiro" da categoria. Não que se trate de um lutador ruim, ele até é tecnicamente competente em todas as áreas, o problema é que lhe falta aquele algo a mais. Bisping baseia seu jogo no volume de golpes, ele costuma tomar a iniciativa usando o jab e gosta de usar combinações, faz bem a transição da trocação para o wrestling, tem boa movimentação e tal.

Bisping, porém, tem três problemas claros. O primeiro é que ele é um lutador de boa técnica, mas não é brilhante. Falta-lhe improviso, imaginação. É como se alguém tivesse lhe emprestado um manual de como se lutar e ele conseguisse executar tudo depois de ler. Campeões costumam mostrar mais do que isso, infelizmente para o inglês. O segundo defeito é que ele bate muito fraco. Dan Henderson esteve longe de ser um primor em seu auge, mas nocauteou muita gente, inclusive Bisping, por causa do poder em suas mãos. A terceira questão para o britânico é que ele tem o chamado "coração de galinha".

Essa expressão é cruel, eu sei. Afinal, o cara ganha a vida através da luta, por mais glamour que se enxergue no discurso filosófico por trás das artes marciais, o ganha pão dele é sair na porrada com outro homem. É para gente corajosa, até desregulada das ideias. Isso posto, Bisping não é de aguentar muitos golpes. Seu queixo nem é dos piores, mas ele se entrega quando começa a ser seriamente atingido. Não que seja moleza tomar um soco de direita de Henderson ou um chute de esquerda de Vitor Belfort, mas nesses confrontos o inglês demonstrava receio de ser atacado e isso não se perdoa. O britânico gosta de provocar, citou várias vezes a justificativa que Anderson deu para o flagra com anabolizantes, que foi o uso de viagra, mas é de se esperar que ele entre receoso no combate.

Show? Mas e Anderson? Bem, Anderson, como já dito aqui, é um contra-golpeador. Talvez essa luta até seja chata por causa disso, Bisping pode adotar uma postura conservadora e forçar o brasileiro a tomar a iniciativa, como ocorreu nas enfadonhas lutas contra Patrick Cotê, Thales Leites e Demian Maia. O "Spider" também pode fazer o que fez contra Vitor Belfort, quando um estático atleta tomou um chute frontal no queixo porque não fazia nada. Esperem de Anderson chutes na perna do oponente, guarda baixa, esquivas performáticas, provocações e tudo aquilo que ele faz para tirar o rival do sério e ter a oportunidade do contra-ataque. E se a chance não aparecer? Não faz mal, o ex-campeão nesse processo é capaz de fazer o suficiente para ganhar por pontos.

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Divertindo o público ou não, uma vitória de Anderson o colocará de novo na rota do título. O brasileiro venceu pela última vez em outubro de 2012 - porque o uso de doping resultou na anulação do triunfo sobre Nick Diaz há um ano - e mesmo assim ele aparece em 5º lugar no ranking oficial do Ultimate para o peso médio. O "Spider" é um produto comercial importante para a organização e não seria surpresa se ele competisse pelo cinturão ainda neste ano. Nesse caso, é interessante para ele que Luke Rockhold derrote Chris Weidman pela segunda vez, quando os norte-americanos se encontrarem no UFC 199, ainda sem data oficial, mas que deve acontecer neste semestre.

Futuro. Ambos têm jiu-jitsu para complicar a vida do brasileiro, mas Weidman tem mais capacidade para derrubar seus oponentes. E, como se viu em julho e em dezembro de 2013, ele pareceu ter todas as respostas para enfrentar Anderson. Não se enganem, nos quatro rounds disputados, o "Spider" foi derrubado, apanhou enquanto esteve no chão, teve de se defender de finalizações, sofreu knockdown e foi nocauteado. De efetivo, só os fortes chutes na perna do adversário no primeiro confronto, só que, no segundo, um atingiu o rival e dois foram defendidos - um dos bloqueios resultou em fratura.

Rockhold é mais passivo do que Weidman e tem um psicológico mais fraco, como se viu em Jaraguá do Sul quando ele perdeu para Belfort, em 2013.Espaço para criar e possibilidade de desestabilizar o oponente são tudo o que Anderson quer em uma luta. O atual campeão tem a seu favor, como já dito, toda a capacidade de finalizar, se for para o solo, e uma envergadura um pouco maior que a do brasileiro, vantagem que até aqui só Weidman teve entre os pesos médios e deu no que deu.

Caso alguma dessas lutas seja marcada, voltamos a tocar no assunto com mais detalhes. Até lá, é torcer para que Anderson consiga ficar longe das lesões (e suspensões por doping) e que ele volte a ser ativo.

 

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