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Análise e notícias de MMA

Conor McGregor luta contra o tamanho de Nate Diaz no UFC 196

Campeão peso pena do Ultimate sobe duas categorias para enfrentar o polêmico norte-americano e provar que pode bater em caras maiores

Por Fernando Arbex
Atualização:

O UFC 196, que será realizado neste sábado, sofreu o importante desfalque de Rafael dos Anjos, que colocaria seu título peso leve em jogo pela segunda vez na organização. Conor McGregor, porém, o campeão da categoria dos penas e potencial desafiante ao cinturão do brasileiro, segue encabeçando o evento e agora terá o polêmico Nate Diaz como seu antagonista, em duelo pela divisão dos meio-médios, porque o norte-americano aceitou em cima da hora participar do combate.

Diaz é maior e tem alcance mais longo do que McGregor. Crédito: UFC/Facebook/Reprodução Foto: Estadão

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Contexto. Acho que a essa altura todos já percebem que McGregor é um lutador de ponta e merece cuidados de seus rivais, embora ainda siga sendo excessivamente protegido pela organização. O irlandês teve seu caminho facilitado para chegar à disputa do título dos penas e competiria pelo cinturão dos leves sem nunca ter atuado na divisão. Um atleta ser campeão de duas categorias é bonito no papel, mas na prática há um terrível problema logístico. Não dá para aceitar desafios de rivais de dois pesos diferentes ao mesmo tempo.

É uma pena que Dos Anjos tenha se machucado, mas pelo menos McGregor poderá ser testado contra um oponente da categoria acima da qual é campeão. O combate é pelos meio-médios, divisão na qual Diaz até já competiu, mas nenhum dos dois vai ter de desidratar muito para atingir os 77,1 Kg necessários na sexta-feira durante a pesagem oficial. É mais ou menos com essa medida que um atleta da LW chega no dia do evento, porque ele recupera a água perdida, portanto é como se fosse um duelo de leves.

Eu até aqui falei bastante de peso e pouco de luta, mas garanto que essa contextualização foi necessária para o início dessa análise. No MMA, e em qualquer modalidade de combate, tamanho faz diferença. Sempre haverá atletas capazes de minimizar sua desvantagem física porque são muito bons tecnicamente, mas um caso muito bom para ser exemplo é o de Robbie Lawler, o atual campeão meio-médio do Ultimate. Ele subiu de categoria em outubro de 2004 para competir regularmente entre os médios e fez 19 combates até o fim 2012, nos quais acumulou 11 vitórias, sete derrotas e um confronto terminou sem resultado. Desempenho não mais do que mediano.

Desfavorável? Não só McGregor pela primeira vez vai enfrentar alguém mais alto e com maior envergadura, como Diaz terá 8 cm de vantagem no primeiro quesito e 5 cm no segundo, ou seja, a diferença será grande. O irlandês também terá pela frente no octógono um rival canhoto pela segunda vez, sendo que na primeira ele não teve dificuldades, mas o imprudente Dustin Poirier não é dos competidores mais polidos.

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McGregor não terá o melhor dos cenários pela frente, mas também não é nenhuma tragédia - afinal, ele liquidou José Aldo em 13 segundos (gif). O campeão peso pena tem precisão brilhante para acertar seus adversários e vai encarar um que não tem na defesa o melhor de seus fundamentos - o porcentual de ataques defendidos por Diaz é de apenas 56% daqueles que são lançados e ele sofre em média 3,29 golpes por minuto. A maior falha do norte-americano é não bloquear chutes em suas pernas, brecha que Dos Anjos explorou muito bem, enquanto Josh Thomson variou as alturas e nocauteou com uma canelada na cabeça.

O canhoto McGregor tem muito repertório e vejamos como ele usará sua mão direita. Contra Poirier, o irlandês usou bem o jab para jogar o direto de esquerda em seguida e já fez uso anteriormente do upper com o punho da frente para acertar Max Holloway (gif). Como Diaz faz recorrente uso de ataques em linha reta, talvez vejamos McGregor usando golpes circulares (ganchos e cruzados), foi um deles que nocauteou Poirier. Também é provável que o campeão peso pena abuse dos chutes com a perna esquerda - na perna direita do rival, na cabeça e também o giratório no corpo. No mais, é de se esperar muita mudança de direção do atleta europeu, visto que o norte-americano se movimenta lentamente e corta mal os espaços do octógono.

A Diaz, resta fazer seu jogo e torcer para dar certo. O norte-americano é bom lutador e tem virtudes do irmão Nick, mas carece de adaptabilidade. Ele toma o centro do octógono, se curva para frente oferecendo o rosto, joga socos retos para se aproveitar da maior envergadura, xinga os rivais, mostra o dedo do meio e repete tudo isso. Se for esperto, vai se aproveitar da vantagem de tamanho para buscar o clinch e tentar levar a luta para o solo (gif), onde ele tem ampla vantagem. Mesmo que não consiga derrubar, ele sabe lançar boas joelhadas depois de abraçar a nuca do oponente e aproveita a proximidade para bater na linha de cintura (gif). Também é dali que ele pode se valer da maior estatura para encaixar uma guilhotina. O ideal para Diaz é lutar na longa distância e agarrar quando o rival encurtar.

Intranquilos? Esse combate também é empolgante para saber quem deixará o outro mais irritado. Ambos são provocadores natos e a mínima desconcentração de um pode garantir a vitória ao outro. Nesse quesito, McGregor tem sido perfeito em acirrar os ânimos e pode se valer disso para fazer Diaz esquecer a ideia de levá-lo para o chão. O norte-americano é um faixa preta de alto nível e já finalizou faixas pretas no UFC.

Holm vs. Tate. Holly Holm defende seu cinturão neste sábado, contra Miesha Tate, que vai para sua segunda disputa de título dos pesos galos femininos do Ultimate. A campeã tem mais armas e uma movimentação lateral que provavelmente a permitirá evitar as entradas de queda da oponente e contra-atacar com seu direto de mão esquerda. A desafiante não é páreo na luta em pé, mas pode complicar as coisas porque tem bom jogo de chão e é oriunda do wrestling, diferentemente de Ronda Rousey, que foi derrotada porque não conseguiu alcançar o clinch e executar seus movimentos de judô.

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