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Análise e notícias de MMA

UFC 186: Rampage vs. Maldonado vale o ingresso

Demetrious Johnson defende neste sábado seu título dos moscas do UFC pela sexta vez, mas o divertimento é esperado para a penúltima luta da noite

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Por Fernando Arbex
Atualização:

Programado para este sábado, o UFC 186 promete algumas boas lutas e a oportunidade de assistir a confirmação da superioridade de Demetrious Johnson sobre a categoria dos moscas - com a qual pouca gente se importa. Eu entendo que haja pequeno interesse do público em assistir homens de baixa estatura e pouco peso lutarem, o apelo lúdico que existe nos esportes de combate passa também por imaginar quem é o competidor mais "forte". Tamanho e força fazem diferença, não há outra razão para que o MMAtenha divisões separadas por peso.

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Não é que eu desaconselhe o fã a assistir a atração principal do evento - Johnson vs. Horiguchi -, o problema é que esse confronto específico foi apressado porque não havia ninguém que não o atleta japonês para desafiar o campeão. Conhecido como "Mighty Mouse" (algo como "Camundongo Poderoso"), DJ deve vencer um rival ainda cru para disputar um título, principalmente em um combate contra o lutador mais técnico do MMA atualmente, na minha visão. Portanto, falemos de Johnson em outra ocasião, hoje o assunto é Rampage vs. Maldonado.

Fabio Maldonado é pura emoção. Crédito da foto: Jason Silva/USA Today Foto: Estadão

Boxe. Os fundamentos do pugilismo no MMA são difíceis de ser aplicados pela questão das quedas. Junior dos Santos é um dos melhores atletas a já terem colocado em prática golpes de boxe no octógono e ao mesmo tempo conseguido evitar ser derrubado, mas não há almoço grátis. "Cigano" peca muito defensivamente por ter de lutar de guarda baixa, o que especialmente na divisão dos pesados é temerário.

Quinton "Rampage" Jackson não é um boxeador clássico. Oriundo do wrestling, o veterano do Pride notou seu poder de nocaute e trabalhou em aprimorar sua técnica de socos, ainda que deixe a desejar no quesito movimentação - semelhante a de uma árvore. Sua vantagem está na capacidade de se defender de quedas e ao mesmo tempo manter a guarda alta para bloquear ataques, pegando o rival com contra-golpes poderosos - Chuck Liddell e Wanderlei Silva que o digam.

"Rampage" também sabe tomar a iniciativa, mas sua ausência de nocautes aplicados entre 2007 e 2013 mostram que seu melhor jogo está em esperar que seus oponentes o procurem. O que claramente não é uma boa ideia, mas Fabio Maldonado não é um atleta estratégico. Ele sim foi um pugilista profissional e migrou para o MMA trazendo virtudes ofensivas pouco vistas nas artes marciais mistas, principalmente o jab e o soco na linha de cintura.

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Maldonado, porém, inexiste defensivamente. Ainda pior do que "Cigano", que recua para se defender (e sempre acaba preso contra a grade), o lutador sorocabano anda para frente praticamente sem proteção e isso é tudo o que "Rampage" quer. O norte-americano também não costuma bloquear chutes nas pernas, golpe que o brasileiro raramente usa e não deve fazê-lo neste sábado. Seu plano deve ser o de sempre: caminhar para frente, absorver ataques e tomar conta da luta a partir do segundo round - quando seu oponente estiver exaurido por sofrer socos no corpo.

"Rampage" é outro competidor que não se apega a alguma estratégia. Ele poderia se aproveitar da sua qualidade no wrestling para derrubar Maldonado no começo do combate, mas é improvável que o faça. O norte-americano já reclamou muitas vezes de ter de enfrentar combatentes apenas preocupados em derrubá-lo, o que ele gosta mesmo é de trocar golpes em pé.

MMA é muito mais do que dois caras que ligam um ventilador de socos no centro da jaula até que um deles caia nocauteado. Estratégia é importante, não há campeão do UFC que vá para o octógono sem um plano bem traçado e treinado. Isso posto, divirtam-se assistindo Rampage vs. Maldonado, que promete ser um combate à moda antiga divertidíssimo. Nenhum dos dois deve alcançar o título dos meio-pesados do Ultimate - que, aliás, já foi do norte-americano -, mas o estilo e carisma de ambos valem o ingresso. E, quem sentir falta de alguma coisa, pode assistir outra aula de Demetrious Johnson na sequência.

 

 

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