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Análise e notícias de MMA

Werdum luta no UFC Curitiba para manter título e ampliar legado

'Vai Cavalo' é um peso pesado já com feitos indiscutíveis na carreira e neste sábado tentará defender seu cinturão pela primeira vez

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Por Fernando Arbex
Atualização:

Fabrício Werdum chocou o mundo em 26 de junho de 2010 ao vencer Fedor Emelianenko e colocar fim à invencibilidade de dez anos do russo, que àquela altura era considerado o melhor atleta da história do MMA. Fedor iniciava ali um período decadente, mas nada que desmereça o feito do gaúcho. Werdum viria a conquistar o título peso pesado do Ultimate após finalizar Rodrigo "Minotauro", nocautear Mark Hunt e, por fim, surrar Cain Velásquez. Neste sábado, o campeão fará no UFC Curitiba sua primeira defesa de cinturão, contra Stipe Miocic, tentando dar sequência a um legado já impressionante.

 Foto: Estadão

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Cordeiro redentor. Werdum não é aquele lutador que vai se aposentar invicto ou que dirá que só perdeu no final da carreira. Ele já acumula cinco derrotas no cartel, mas o que marca sua trajetória tem nome: evolução. O gaúcho já havia se consagrado no jiu-jitsu quando migrou para o MMA e não tinha muito mais do que um excelente jogo de chão quando isso aconteceu. Até aparecer Rafael Cordeiro em sua vida, o mesmo que lapidou e transformou o jiu-jiteiro Rafael dos Anjos em campeão dos leves.

O modus operandi de um atleta de Cordeiro eu já comentei aqui. Agressividade constante, combinações de golpes e joelhadas vindas do clinch. Werdum gosta de jogar socos retos e terminar suas sequências com chutes, o que pode ser um grande problema para Miocic, que sofreu com ataques no corpo, de Shane del Rosário, e em sua perna, quando enfrentou Gabriel "Napão". Nessa mesma luta, o norte-americano - filho de croatas - mostrou ser vulnerável a socos por cima de seu jab, movimento que ele usa para iniciar quase todas as suas ações.

Feijão com arroz. Miocic é um lutador metódico, que segue seu plano de luta do início ao fim. Não é dos mais criativos, sua aposta costuma ser no básico e bem feito. Por isso, é provável que ele escolha manter esse combate em pé, mesmo sendo oriundo do wrestling, porque seria insensato colocar o campeão de costas para o solo. O problema é que, em pé, ele vai precisar de mais do que suas burocráticas combinações de socos.

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Uma saída para o norte-americano pode ser repetir o que fez contra Junior dos Santos, quando pressionou o brasileiro contra a grade durante cinco rounds. A estratégia foi bem executada e o triunfo não veio por pouco, mas existe a ressalva que aquele era o ponto fraco de "Cigano". Werdum chegou a ter dificuldade quando "Minotauro" investiu nessa tática há três anos, mas o gaúcho tem os recursos de poder chamar o rival para a guarda e conseguir fazer a transição do clinch de grade para o de muay thai, aquele de agarrar com as mãos a nuca do oponente e desferir joelhadas.

Inventivo. Boa lembrança também é que Werdum é um lutador criativo. Ele fingia sofrer knockdown nos primeiros anos de carreira para que os adversários entrassem em sua guarda e foi assim que finalizou Fedor com um triângulo. O gaúcho quebrou Travis Browne psicologicamente com provocações (gif), acertou Roy Nelson depois de apontar para o chão (gif) e foi brilhante ao confundir Hunt com entradas de queda para em seguida nocautear o neozelandês com uma joelhada voadora. Como disse Dana White, você não vê por aí pesos pesados dando joelhadas voadoras.

É difícil prever se Werdum terminará a carreira como o maior peso pesado da história do esporte, mas seus feitos impressionam, ainda mais tendo em vista o nível que ele apresentava na luta em pé quando migrou para o MMA. Caso vença Miocic, o campeão poderá voltar a se encontrar com Alistair Overeem, "Cigano" e Velásquez, vitórias que deixariam o gaúcho como o número 1 indiscutível da categoria.

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