Equipes terão de copiar carro da Brawn

16/IV/09 Livio Oricchio, de Xangai

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Por liviooricchio
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Agora não há outra saída: as sete equipe que não competem com o difusor do tipo usado pela Brawn, Toyota e Williams terão, de alguma forma, de adotar solução aerodinâmica semelhante. E quanto mais rápido menor tende a ser o prejuízo. A confirmação da legalidade dos carros dos três times, ontem pelo Tribunal de Apelos da FIA, em Paris, não deixou outra alternativa à Ferrari, McLaren, BMW, Renault, Red Bull, Toro Rosso e Force India.

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Os treinos livres do GP da China, no circuito de Xangai, começam hoje às 23 horas no horário de Brasília (10 horas de sexta-feira local). E, de novo, com muita probabilidade, Jenson Button e Rubens Barrichello, da Brawn, Jarno Trulli e Timo Glock, Toyota, e Nico Rosberg e Kazuki Nakajima, da Williams, deverão se impor sobre os demais, como fizeram nas etapas da Austrália e da Malásia. Seus carros são mais velozes que o dos adversários, principalmente pelo uso de um difusor, a seção final do assoalho, que lhes permite gerar maior pressão aerodinâmica.

Ferrari, Renault e Red Bull tiveram seu protesto contra o difusor das três melhores escuderias recusado, ontem, pelo Tribunal de Apelos da FIA. "Não há outra instância na esfera desportiva", explica Alexandra Aschieren, assessora da entidade. Se alguém não aceitou a decisão dos cinco juízes do tribunal, a única saída será recorrer à justiça comum, mas não existem indícios de que alguém prosseguirá com o caso.

O diretor geral da Ferrari, Stefano Domenicali, expressou o que pensa: "Ficamos no aguardo de conhecer as razões que a FIA tem para rejeitar nosso apelo. Essa decisão nos obriga a interferir nos elementos básicos do projeto do nosso carro, o que exigirá tempo e dinheiro." Felipe Massa disse, na Malásia, que disporia de um modelo equipado com aerodinâmica sob os mesmos princípios apenas na etapas de Mônaco, dia 24 de maio, sexta do calendário, ou da Turquia, 7 de junho. "E até lá os pilotos da Brawn vão estar bem na frente na classificação do campeonato."

O que incomoda muito Domenicali e Flavio Briatore, da Renault, bem como os demais diretores, é a suspeita de que Max Mosley, presidente da FIA, estaria de alguma forma por detrás da política de considerar os carros da Brawn, Toyota e Williams como legais. Mosley deseja implantar uma nova Fórmula 1 em 2010, com limite de custos de cerca de 33 milhões de euros por ano. As equipes não concordam e, em bloco, recusaram a proposta.

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Desde a criação da associação de times, a Fota, em setembro do ano passado, Mosley luta contra os dez inscritos na Fórmula 1. Assim como Bernie Ecclestone, detentor dos direitos comerciais do evento. Antes não havia essa união e unanimidade de propósitos nas escuderias. Ao permitir o uso do polêmico difusor, Mosley estaria criando animosidade dentre elas, por proporcionar diferenças grandes de desempenho, o que poderia levar a um racha na Fota, facilitando, assim, seus planos e os de Ecclestone de implantar suas idéias na Fórmula 1.

O veredicto de ontem gerou mesmo uma situação difícil. O campeão do mundo, Lewis Hamilton, da McLaren, parecia resignado durante promoção de um patrocinador, em Xangai. "Não será a introdução do novo difusor que fará o nosso carro ser vencedor. Para ele funcionar os projetistas têm de estudar o comportamento do ar desde o aerofólio dianteiro, ou seja, repensar o projeto todo." Como Massa, lembrou "que isso é um processo que exige bom tempo". Button e Barrichello já lideram o campeonato com 15 e 10 pontos, seguidos por Trulli e Glock, 8,5 e 8. E dentre os contrutores as duas equipes também já abriram importante vantagem. A Brawn tem 25 pontos, a Toyota, 16,5, enquanto a terceira e a primeira sem o difusor, a BMW, apenas 4.

Se os programas de desenvolvimento dos carros já estava acelerado por causa dos fenômenos Brawn, Toyota e Williams, a partir de ontem tudo terá de se processar com velocidade ainda maior. É provável que a maioria das escuderias eleja o GP da Espanha, dia 10 de maio em Barcelona, para estrear quase um novo carro, já sob o conceito aerodinâmico empregado nas três mais rápidas hoje. O que será o início de uma nova temporada.

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