Festa brasileira no pódio do GP da Alemanha

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Por liviooricchio
Atualização:

Livio Oricchio, de Hockenheim

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A temporada é mesmo de resgates históricos para o Brasil: o brilhante segundo lugar de Nelsinho Piquet, da Renault, ontem, em Hockenheim, junto da preocupante terceira colocação de Felipe Massa, da Ferrari, quebrou uma série de 17 anos do País sem dois pilotos no pódio. Mas a vitória de Lewis Hamilton, da McLaren, a segunda seguida, deixou um recado duro para a Ferrari: o time inglês tem, agora, um carro mais rápido.

Na França, Massa assumiu a liderança do campeonato, o que não ocorria desde o GP de Mônaco de 1993, com Ayrton Senna. E ontem Nelsinho e Massa reviveram, num certo sentido, o pódio do GP da Bélgica de 1991. Ayrton Senna, da McLaren, venceu e Nelson Piquet, Benetton, foi terceiro. "Eu queria muito que ele estivesse aqui", disse, emocionado, Nelsinho, ontem, referindo-se a seu pai. "A primeira coisa que me veio à mente quando cheguei ao pódio foi lembrar de todas as pessoas que me ajudaram a atingir esse momento. E nem meu pai, minha mãe, minha namorada, meus amigos, não há ninguém aqui para eu poder dividir", falou, claramente triste por isso.

"Aprendi uma grande lição. Ontem estava chateado, e mesmo hoje de manhã me sentia para baixo, acreditando que o máximo que daria na prova seria um 14º ou 13º, mas Graças a Deus tive a ajuda do cara lá em cima, deu tudo certo, não tenho como agradecer", falou Nelsinho. "O fim de semana só acaba depois da bandeirada", essa a lição aprendida, comentou. O piloto da Renault foi mal na classificação, sábado, ao não passar da primeira parte do treino, e largou em 17º. Fernando Alonso, seu companheiro, em 5º.

Uma sequência incrível de ocorrências favoráveis a ascensão de Nelsinho na prova, combinada com pilotagem de refinada classe, veloz, sem erros, mesmo sob enorme pressão, explica a evolução para o segundo lugar na corrida. Para compreender melhor o que aconteceu ontem: na 34ª volta, todos os pilotos já havia feito seu primeiro pit stop, exceto Nelsinho.

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Ocupava o 12º lugar, 51segundos e 155 milésimos atrás do líder, Lewis Hamilton, da McLaren. Timo Glock, da Toyota, era o oitavo, exatamente 10 segundos na sua frente. O GP da Alemanha teve 67 voltas. Enquanto o alemão da Toyota percorria a última curva na 35ª volta, a de acesso à reta dos boxes, a quebra da suspensão traseira direita o lançou no muro interno com enorme violência. Nelsinho encontrava-se algumas curvas apenas atrás. "O chamamos para os boxes imediatamente", falou Flavio Briatore, diretor da Renault.

O safety car entrou na pista logo depois do acidente. Nelsinho estava no box. Reabasteceu, substituiu os pneus e regressou à disputa. Nessa hora o box fechou, como manda a regra. Só seria aberto depois de todos os carros estarem alinhados atrás do safety car. "Nelsinho estava nessa fila, mas os pilotos deveriam ainda fazer o que Nelsinho fizera antes. Bingo: íamos ultrapassar todos quando entrassem nos boxes assim que fossem abertos", explicou Denis Chevrier, chefe dos engenheiros da Renault.

Os boxes abriram na 38ª volta, com o safety car na pista. Entraram nada menos de 12 pilotos. Assim, Nelsinho subiu para a 3ª colocação, atrás apenas de Hamilton e Nick Heidfeld, BMW, que não pararam, surpreendentemente. Os dois fariam o segundo e último pit stop nas voltas 50 e 53. Hamilton, que voltou a exibir seus dotes excepcionais de piloto, reultrapassou Nelsinho, líder, então, para vencer o GP da Alemanha. Nelsinho ficou em segundo. Mas seu ritmo, àquela altura, impressionou Briatore (leia o box).

"Tive muita sorte, não quero que as pessoas pensem que já na próxima prova, na Hungria, eu vou para o pódio de novo. Vou tentar, lógico, mas a Ferrari, McLaren, BMW estão ainda muito à nossa frente", disse Nelsinho. "Esse resultado ao menos mostra que se tiver um bom carro, a equipe me der oportunidade, eu vou conseguir chegar lá. Sei que estou tendo dificuldade na classificação...mas estou evoluindo, o Fernando Alonso copiou o nosso acerto aqui." Alonso terminou em 11º, prejudicado pelo safety car e erros cometidos.

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