Grande Schumacher, pare de correr, por favor.

29/VII/12 Amigos, esse é o texto de minha coluna na edição desta segunda-feira no Jornal da Tarde.

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Por liviooricchio
Atualização:

A presença nas pistas do maior campeão de todos os tempos na Fórmula 1, ao menos em números, Michael Schumacher, da Mercedes, está se tornando constrangedora. É verdade que, aos 43 anos, ainda é capaz de performances excepcionais, como a volta que fez na classificação do GP de Mônaco, garantindo-lhe o melhor tempo. E até bons trabalhos, a exemplo do pódio, terceiro lugar, no GP da Europa, em Valência.

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Mas as situações embaraçantes que tem vivido, como as de ontem, no GP da Hungria, provocam risos nos profissionais da competição. Caracterizam ações do tipo pastelão. Senhores, por favor, é desnecessário. Especialmente para quem conquistou, com grandes méritos, quase todos os sete títulos mundiais. Por mais que diz amar a velocidade e, por isso, continua correndo, essas experiências são dolorosas para os seus fãs, como eu. Pior: dá seguidas indicações de que renovará o contrato com a Mercedes para disputar pelo menos o campeonato do ano que vem.

Poucos sabem, mas ontem a corrida teve uma volta de apresentação a mais porque Schumacher parou no lugar errado no grid, a 19.ª colocação em vez da 17.ª, a obtida na classificação, sábado. Ficou um espaço vazio a sua frente e ele não compreendeu o motivo. Ele próprio. Em 2006, seu último ano na Fórmula 1 antes de voltar ao Mundial, em 2010, o procedimento no caso de adiar a largada era desligar o motor porque haveria 5 minutos para a nova volta de apresentação.

Ao compreender que Charlie Whiting, diretor de prova, cancelou a largada, Schumacher desligou o motor. Os demais, não. Isso fez com que os mecânicos da Mercedes o tirassem do grid e o posicionassem antes do primeiro box, a fim de fazer o motor funcionar de novo.

Schumacher arrancou sem ligar o limitador de velocidade para posicionar-se na saída dos boxes, Começaria a corrida de lá. Mesmo com os carros no grid, Schumacher tinha de respeitar o limite de 100 km/h, o que não foi o caso, obrigando-o a cumprir um drive through. Impressionante, não?

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Ainda ontem, na 43.ª volta, retardatário, como em outras provas este ano - imagine, tudo o que fez na carreira e agora toma, por vezes, uma volta dos concorrentes -, recebeu bandeira azul para deixar o segundo colocado, Romain Grosjean, da Lotus, ultrapassá-lo e não acatou. Outro piloto provavelmente teria sido punido. O segundo e meio perdido por Grosjean lhe custou, na 45.º volta, a perda da segunda colocação para o companheiro, Kimi Raikkonen, quando o finlandês deixou os boxes depois do segundo pit stop.

No sábado, Schumacher foi o piloto mais lento da segunda parte da classificação, o Q2, daí o 17.º lugar no grid. O tempo registrado por Schumacher representou uma diferença de 828 milésimos, quase um segundo, para o parceiro, Nico Rosberg. Mais: no treino livre de sexta-feira bateu no asfalto molhado. Em Hockenheim, no treino livre de sábado, colidiu também e explicou "não estava prestando muita atenção naquele instante".

Minha torcida, a essa altura, é para que Schumacher repense seu amor às pistas e pare de correr. Transformou-se, em algumas ocasiões, como ontem, em motivo de chacota. Nada disso arranha sequer o que fez no passado, mas para as novas gerações fica uma imagem profundamente contraditória a tudo o que ouvem a seu respeito.

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