PUBLICIDADE

Massa: Estou supermotivado, feliz.

02/XII/13 São Paulo

Por liviooricchio
Atualização:

Olá amigos. Nos dias do GP do Brasil, entrevistei Felipe Massa. Apesar de já passar um tempinho, considero válido, ainda, expor o resultado de nossa conversa. Nós a publicamos na edição de domingo do Estadão. Boa leitura!

PUBLICIDADE

O texto:

Hora de virar a página e começar a escrever um capítulo novo. É assim que Felipe Massa define os quatro últimos anos na Ferrari, ao lado de Fernando Alonso, e o desafio que terá pela frente agora, o de ajudar a Williams a ser grande novamente. Não será fácil. O melhor time da década de 90, campeão em 1992, 1993, 1996 e 1997, disputou em 2013 a pior temporada de sua rica trajetória de 40 anos na Fórmula 1.

Na semana que vem, ele já embarcará para a Inglaterra a fim de se reunir com integrantes da Williams, como Pat Symonds, o engenheiro que está reestruturando o time. Nesta entrevista exclusiva ao Estado, realizada em Interlagos, Massa disse estar entusiasmado com a missão de liderar o projeto de uma organização de tantas conquistas importantes.

BLOG - A Williams o contratou por sua grande experiência, 191 GPs, a maior parte numa escuderia vencedora. Em 2008, Kimi Raikkonen parecia desestimulado e a Ferrari contava mais com você. Foi sua melhor temporada na Fórmula 1. Vê semelhança entre sua função em 2008 e a que assumirá em 2014? FELIPE MASSA - Vejo, sim. É importante você ter toda a força da equipe com você, se sentir peça importante, assumir a liderança e contar com toda a confiança possível de todas as pessoas do grupo. Quando vivi isso, demonstrei bom resultado no final. Neste momento, estou pronto para dar tudo o que posso e conseguir esses resultados de novo, não só para mim, como para a equipe. Estou supermotivado, feliz. A maior parte da minha carreira vivi na melhor escuderia da Fórmula 1, a Ferrari. Na Williams, meu principal trabalho vai ser usar o que aprendi para criar as condições necessárias para lutar pelos melhores resultados. É um recomeço, um estímulo novo.

Publicidade

BLOG - Na hipótese de a Williams construir um carro vencedor, você se sente capaz, ainda, de ser campeão do mundo? FELIPE MASSA - O dia em que você não se enxergar mais campeão é porque não está fazendo a coisa certa. Confio no meu taco, faz parte, sim, do meu sonho vencer o campeonato. Se você tem um sonho, tem de lutar para torná-lo real.

BLOG - Você é um profissional realizado, bem-sucedido, independente financeiramente, já foi vice-campeão do mundo, disputou 11 temporadas, venceu 11 GPs, largou 15 vezes na pole position e, mesmo assim, fez de tudo para continuar na Fórmula 1. Por quê? FELIPE MASSA - Porque eu acho que tenho ainda o que fazer na Fórmula 1. É o que eu gosto de fazer. É difícil deixar a carreira. Tenho só 32 anos, muita vontade, não estou na época de parar. Para mim, idade para abandonar a Fórmula 1 é de 35 anos para frente. Eu me sinto com gás para lutar e com potencial, ainda, para vencer. Enquanto não tinha nada na mão, ficava pensava no travesseiro... Tenho ainda uns três ou quatro anos pela frente na Fórmula 1.

BLOG - Sua esposa não esconde que preferiria que você deixasse a Fórmula 1... FELIPE MASSA - Ela de fato gostaria que eu parasse de correr, mas também me conhece, sabe que não seria um homem feliz dentro de casa. Minha felicidade é correr e ela quer o melhor para mim. E já conversamos sobre eu continuar competindo em outra categoria quando deixar a Fórmula 1. (Massa já disse que o conceituado Campeonato Alemão de Turismo, em que competem Mercedes, Audi, BMW, por exemplo, o atrai bastante).

BLOG - Foram seus companheiros de equipe Jacques Villeneuve, Michael Schumacher, Kimi Raikkonen e Fernando Alonso. Em comum entre eles, o fato de serem campeões mundiais. Essa convivência representou uma excelente oportunidade de aprendizado. Em que área da formação de um piloto você crê que mais tem de se concentrar para evoluir? FELIPE MASSA - Em todas. Há corridas em que você faz um trabalho perfeito, decide certo em qualquer condição. Mas há provas em que você vai compreender depois que o melhor teria sido seguir outro caminho. Isso ocorre com frequência. Nesse sentido, acho que o Alonso conseguiu usar melhor do que eu as dificuldades que tínhamos, com um carro complicado. Eu não o explorava tão bem esses anos todos. Faltou sempre aquele detalhe para mim. Não que se eu também tivesse me adaptado mais a nossos carros, aos pneus, eu teria sido campeão. Ele também não foi, mas pelo menos teria, como ele, entrado na luta. Hoje vejo que foi isso o que faltou para mim. É verdade, ainda, que as reações do carro e dos pneus casaram mais com o estilo do Alonso. Vamos ver como será em 2014. Pilotei no simulador o carro da Ferrari, com os dados do ano que vem, e a diferença é enorme, há muito menos aderência.

BLOG - Você marcou pontos já na sua segunda corrida de Fórmula 1, mas acabou não permanecendo na Sauber depois da temporada de estreia, em 2002. Sua vida na Fórmula 1 foi caracterizada por grandes desempenhos e índice elevado de erros. Com a experiência de hoje, o que faria diferente do que fez? FELIPE MASSA - Em primeiro lugar, eu diria que teria sido melhor começar a carreira como piloto de testes, por um ano. Mas a chance surgiu e, para ser piloto de Fórmula 1, você tem de aceitar, não tem opção de escolha, é assim que funciona. Eu era muito jovem, tinha 20 anos apenas. Queria tanto que às vezes errava, mas meu primeiro ano foi bom, não era para ter sido mandado embora. O carro da Sauber era pior do que o do ano anterior, o melhor do time. Dei azar de o dono (o suíço Peter Sauber) odiar quando um piloto batia e eu, pela inexperiência, bati algumas vezes.

Publicidade

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

BLOG - Na temporada que acabou dia 24 você se envolveu em alguns acidentes e admitiu ter cometido erros. Além disso, o confronto com Alonso nos últimos quatro anos o fez perder parte da popularidade da época em que quase foi campeão do mundo, em 2008. Como você lida com isso? FELIPE MASSA - Sempre fui sincero, honesto, a carreira inteira. Nunca inventei nada para justificar isso ou aquilo. Quando surge um problema, sou o primeiro a falar. Para falar a verdade, eu também acho que não estou no momento que gostaria de estar, como resultado, em geral. Mas sempre que encontro pessoas no meu País, independentemente do lugar, sinto que não perdi torcida. Se você lê um blog, a maior parte dos que comentam não escreve até mesmo o que pensa, quer fazer charme. Se você entra num site de futebol, os caras matam jogador todo dia. Se entrar num de Fórmula 1, você encontra a torcida e os que estão lá para aparecer. A torcida mesmo sempre vai continuar torcendo, nunca perdi torcedores no Brasil. Lógico, sei que há quem tenha começado a pensar que eu já não faço mais o que fazia antes. Eu sou o primeiro a analisar que os resultados não têm acontecido como no passado. Mas a minha torcida sempre se manteve fiel, assim como o respeito do povo brasileiro e é isso o que mais me motiva e me interessa.

BLOG - Quer dizer, então, que na sua opinião você não tem nenhum índice de rejeição? FELIPE MASSA - Alguma coisa, sim. Mas depende do lugar. Os que torciam antes continuam torcendo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.