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Não haverá efeito dominó na Fórmula 1

Por liviooricchio
Atualização:

05/XII

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Apesar do temor do presidente da FIA, Max Mosley, de que outros times possam seguir o exemplo da montadora japonesa Honda e abandonar a Fórmula 1, caso não haja de imediato um corte drástico nas despesas, a Toyota e a Mercedes emitiram comunicado, ontem, desfazendo o risco do chamado efeito dominó.

A direção das duas empresas se comprometeu a levar adiante seus programas na categoria, ainda que defendam, como Mosley, redução significativa nos custos. "Dentro de dois anos, disputar a F-1 custará a metade de hoje", disse Norbert Haug, diretor-esportivo da Mercedes, sócia da McLaren.

O dirigente alemão lembrou que ainda quarta-feira a associação das equipes, Fota, reuniu-se em Londres para definir um pacote de medidas a ser apresentado no próximo encontro do Conselho Mundial da FIA, dia 12, em Mônaco.

"Nossa participação (da Mercedes) na F-1 está construída em bases sólidas e em grande parte financiada por nossos patrocinadores", explicou. A respeito da saída da Honda, afirmou: "A decisão só comprova a importância do trabalho de reduzir custos".

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Mas outra indústria automobilística alemã, a Audi, aproveitou o anúncio da Honda e, ontem, confirmou que deixará a American Le Mans Series, campeonato de protótipos realizado na América do Norte e vencido 9 vezes pela marca. "Mas continuaremos participando das 24 Horas de Le Mans, na França", falou o chefe de esportes da Audi, Wolfgang Ullrich.

A nota da Toyota lembra a necessidade de o Conselho Mundial aprovar o que a Fota decidiu, e traz ainda: "Estamos totalmente comprometidos em seguir na F-1. Como empresa japonesa, lamentamos o ocorrido com a Honda, mas não nos cabe comentar sobre um problema que é deles".

Bernie Ecclestone, promotor da F-1, e Mosley, atacaram duramente a política dos diretores da maioria das equipes. Os dois começaram numa época em que os donos dos times eram apaixonados pela competição e não visavam ao sucesso para vender mais carros.

Ambos defendem completa revisão dos regulamentos técnico e esportivo da categoria. "O problema é que as escuderias são gerenciadas por técnicos que deveriam estar em casa jogando videogame em vez de gastar fortunas para ganhar corridas", afirmou Ecclestone.

Críticas pesadas à atual política das montadoras vieram também de Mosley: "Não é racional você empregar entre 700 e mil pessoas apenas para fazer dois carros alinharem no grid 18 vezes por ano", disse. "Quando você tem uma crise financeira, tudo isso se transforma num cenário desastroso."

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Ontem mesmo, Mosley enviou carta a todas as equipes com o preço do uso do motor Cosworth e do sistema de transmissão X Trac padrão, contratados pela FIA para implantação em 2010. Valor: 6,24 milhões de euros por temporada, ou cerca de 10% do que Ferrari, Mercedes, BMW, Renault, Toyota e Honda investem para produção do mesmo conjunto motor-transmissão.

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Na reunião da Fota, quarta-feira, em Londres, os times decidiram propor à FIA um motor turbo de 1,8 litro a partir de 2010 e se recusam a aceitar a idéia de conjunto único.

Se a Honda não for adquirida, só 18 carros vão largar na abertura do Mundial de 2009, dia 29 de março, na Austrália. E não será a primeira vez que haverá menos de 20 concorrentes.

Em 1969, por exemplo, o campeonato começou com 18 carros, caiu para 14 na etapa seguinte, na Espanha, e teve apenas 13 na França e na Alemanha. Mas Ecclestone está otimista: "A crise da F-1 não é maior do que a das grandes companhias. O mundo não vai parar."

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