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Os ensinamentos dos treinos de Jerez de la Frontera

Por liviooricchio
Atualização:

As 8 equipes que treinavam no circuto de Jerez de la Frontera, na Espanha, desmontaram hoje, quinta-feira, toda sua estrutura nos boxes e já a estão transportando para o Circuito da Catalunha, em Barcelona, cerca de 400 quilômetros a nordeste. Segunda-feira haverá uma nova sessão de testes que se estenderá até sexta-feira.

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Depois, no fim do mês, quase todas vão para o Circuito de Sakhir, em Bahrein, para cerca de uma semana de treinamento, sob calor intenso e não com temperaturas bastante amenas, como as experimentadas até agora nas pistas de Valência, Jerez e Barcelona. Aí, o que tinha de ser produzido para a abertura do campeonato, dia 18 de março, em Melbourne, Austrália, estará concluído, de uma forma ou de outra.

Hoje choveu o dia todo na região da Andaluzia, onde se encontra o circuito de Jerez de la Frontera, a 80 quilômetros ao sul de Sevilha. Os 16 pilotos que deixaram os boxes tinham pneus de chuva. A equipe Renault liberou Nelsinho Piquet e Ricardo Zonta para ir à pista de 4.423 metros mas os dois sequer aceleraram para valer, retornando a seguir. Fernando Alonso, McLaren, completou apenas 9 voltas.

Já BMW, Williams, Ferrari, Honda, Toyota, Red Bull e o companheiro de testes de Alonso, Pedro de la Rosa, aproveitaram para verificar o comportamento de seus carros no asfalto molhado. Nick Heidfeld, da BMW, registrou o melhor tempo, 1min29s486 (35 voltas), seguido por Alexander Wurz, Williams, 1min30s051(69). O piloto de testes da BMW, Timo Glock, marcou o terceiro tempo, 1min30s213 (27).

Há duas semanas, a Ferrari treinou em Vallelunga, próxima a Roma, e praticamente só dispôs de piso molhado. Ontem Kimi Raikkonen demonstrou não estar satisfeito com os testes com chuva e andou o dia todo. Foram 89 voltas, enquanto um GP em Jerez teria 69. O finlandês fez 1min30s628, quarto.

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Ontem foi a vez de Rubens Barrichello pilotar o RA107. Como Raikkonen, andou bem, 64 voltas, com 1min30s684, quinto. Felipe Massa, que não treinou terça-feira por estar com febre, ontem encarou a chuva e completou 44 voltas, 1min30s746. Os horários em que os tempos foram obtidos, o volume de água na pista e a condïção dos carros da Ferrari não estão disponíveis.

O que aparece é que Raikkonen fez um tempo 118 milésimos melhor que o de Massa. Mas não serve de comparação. Como não vale dizer que Massa é 322 milésimos mais rápido que Raikkonen porque quarta-feira obteve 1min19s746 e o finlandês, 1min20s068. Como os dois se alternam com melhor marcar que o outro, faz sentido acreditarmos que ambos têm velocidade bem semelhante. A marca de Massa acabou sendo a melhor dos três dias de testes em Jerez.

Depois vieram, também com tempos registrados quarta-feira, Lewis Hamilton, McLaren, 1min19s821, e Robert Kubica, BMW, 1min19s839. Nesse dia, sob sol, Alonso fez 1min20s046, Nelsinho Piquet, 1min20s070, Alexander Wurz, Williams, 1min20s132.

O que podemos depreender dos três dias de ensaios em Jerez? Ainda que não seja um raciocínio conclusivo, dá para afirmar que a Ferrari não tem em mãos um carro mais eficiente que o da concorrência, por trabalhar com pneus Bridgestone desde 1999 e a maioria dos adversários o experimentar pela primeira vez.

A McLaren fez um carro rápido. Mas Alonso, quarta-feira, não escondeu: "Estamos longe do necessário para a primeira corrida do ano." A McLaren talvez nunca tenha percorrido tantos quilômetros na pré-temporada como agora, mas mesmo assim ainda há problemas com a resistência do conjunto, apesar da velocidade surpreendente.

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Como o treino de Valência mostrou, a Renault tem no R27 um monoposto capaz de permitir a seus pilotos, Heikki Kovalainen e Giancarlo Fisichella, lutar pelos primeiros lugares. É a escuderia que mais quilômetros percorreu até agora.

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Chama a atenção o avanço da BMW. Nada demasiado, mas consistente. Se a Honda confirmou, em Jerez, não ter evoluído como Rubens Barrichello e Jenson Button gostariam, a Williams dá sinais de ter produzido um bom carro de Fórmula 1, o FW29.

A Toyota não deverá repetir a péssima temporada do ano passado, mas seu TF107, apesar de ser mais eficiente que seu antecessor, não deu o salto que talvez Jarno Trulli e Ralf Schumacher disseram depois dos primeiros treinos.

Com toda certeza a Red Bull irá crescer, mas tanto Mark Webber quanto David Coulthard enfrentaram tantos problemas com o RB3, de Adrian Newey, que não será de uma hora para a outra que vão terminar as corridas. Mas é um monoposto veloz.

No fim da próxima semana, depois de 4 ou 5 dias de novos testes em Barcelona, teremos ainda mais elementos para projetar o início do Mundial. Ao que parece, até agora, Renault, McLaren e Ferrari estão num estágio de desenvolvimento parecido, enquanto BMW, Williams, Honda, Toyota e Red Bull encontram-se um pouco mais atrás.

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Boa notícia: nenhum time despontou demais. Assim como as diferenças entre os dois blocos, o da frente e o que está alguns décimos de segundo atrás, parecem ser pequenas.

A impressão inicial de um Mundial mais disputado que os últimos se confirma a cada série de testes. Dá para começarmos imaginar algo que nos remeta à edição de 2003. Naquele ano, venceram corridas Michael Schumacher e Rubens Barrichello (Ferrari), Ralf Schumacher e Juan Pablo Montoya (Williams), Kimi Raikkonen e David Coulthard (McLaren), Fernando Alonso (Renault) e Giancarlo Fisichella (Jordan). Nada menos de 8 pilotos de 5 equipes.

Se o início do campeonato ratificar a projeção permitida pelos ensaios, será mesmo uma temporada empolgante. Temos boas chances, amigos.

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