Razia preterido na Marussia. Chilton treina pelo terceiro dia seguido.

21/II/13 Barcelona

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Por liviooricchio
Atualização:

Pode ser apenas uma questão circunstancial e daqui para a frente as coisas se resolvam de um maneira mais justa. Mas hoje, quinta-feira, terceiro dia de treinos da segunda série da pré-temporada, o inglês Max Chilton, da Marussia, continua no cockpit do modelo MR02-Cosworth enquanto seu companheiro de equipe, Luiz Razia, programado originalmente para assumir o carro, hoje, encontra-se treinando fisicamente na academia do hotel, próximo de onde escrevo, o Circuito da Catalunha, em Barcelona.

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Em Jerez de la Frontera, semana passada, Chilton, inglês como quase todos no time, estreante na Fórmula 1 a exemplo de Razia, andou no primeiro e terceiro dia. Razia, no segundo e no quarto. Aqui em Barcelona, Chilton está conduzindo o MR2 desde terça-feira, hoje é o terceiro dia seguido, prerrogativa apenas de Fernando Alonso, por seu parceiro, Felipe Massa, ter sido escalado também para os três primeiros dias em Jerez. Alonso preferiu dedicar-se à preparação física.

Conversei com Razia, há pouco, por telefone: "Estou indo para a pista daqui a pouco, Livio", disse-me. Convivo nos autódromos e aeroportos com Razia desde sua chegada à GP2, em 2010, são três temporadas. Esta é a quarta. Senti que ele está incomodado com a situação, como não poderia deixar de ser. "John Booth (diretor da Marussia) me procurou, ontem, para dizer que Chilton não pôde realizar as séries longas de voltas que fiz em Jerez e seria importante para sua formação. Em Jerez eu dei três séries seguidas de 24 voltas. Por essa razão Chilton foi escalado para o treino de hoje", contou-me Razia.

Estou no mesmo hotel de John Booth, em Granollers, seis quilômetros distante apenas do autódromo. Ontem à noite quando regressei do jantar o vi no lobby e por pouco não lhe perguntei sobre o ensaio de hoje. Como eu estava com Michael Schimidt, talvez o mais famoso jornalista da Fórmula 1, do Auto Motor und Sport, e outros amigos, achei que seria inconveniente tocar num assunto profissional naquele instante, longe da pista. Seria interessante saber o que Booth me responderia. Nesse momento Booth está na mureta dos boxes acompanhando o teste, não há como falar com ele, mas certamente vou procurá-lo no intervalo do almoço.

"O alegado por John Booth é mesmo verdade. Falou que por causa de um problema que temos na suspensão traseira Chilton não andou muito nos dois primeiros dias", revelou-me Razia. Terça-feira foram 65 voltas no traçado de 4.655 metros e ontem, 67. Nem é tão pouco assim, convenhamos, representa a extensão do GP da Espanha, 66 voltas.

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"Às vezes temos de conviver com essas situações. Mas se eu tiver o mesmo número de dias do Chilton eu não me preocupo. Para ser sincero, nem mesmo se tiver menos. Nas outras categorias que competi não precisei de muito tempo para pegar a mão do carro", disse Razia.

"A programação é para eu andar amanhã (sexta-feira), mas não está confirmada, ainda. Pode ser também que eles compensem esses dias a mais com o Chilton no treino da semana que vem". O último ensaio será de dia 28 de fevereiro a 3 de março, aqui mesmo. Pergunto: você acha que eles te dariam quatro dias, como podem disponibilizar para o Chilton agora? "Quatro talvez não, mas três sim."

O que pode ser a causa de Razia estar sendo preterido nesse início de trabalho na Marussia?

Sabe-se que a soma da verba de patrocínio levada por Chilton é maior da acertada com Razia. Pode estar aí a causa das suas dificuldades iniciais. Ou, de repente, até mesmo o fluxo das remessas de verba de Razia acordadas com a equipe não estar sendo cumprido, por conta da complexa burocracia dessas transações. Mais: de repente Chilton precisa de uma exposição maior para atingir a cota de patrocinadores exigida, o que reforçaria a tese (minha) de que há também aí uma boa pitada do conhecido nacionalismo inglês na Fórmula 1.

Com certeza a escolha de Chilton para andar nos três dias não é técnica. Ao menos na GP2 Razia se mostrou um piloto bem mais eficiente.

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Nos falamos mais tarde, amigos. Abraços!

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