Senna inspira Hamilton em Interlagos

23/XI/13 São Paulo

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Por liviooricchio
Atualização:

No ano passado, Lewis Hamilton, com McLaren, estabeleceu a pole position do GP do Brasil. Tentará o mesmo hoje, com Mercedes, na sessão que definirá o grid, a partir das 14 horas. E tem chance: ontem nos treinos livres, sob chuva, ficou em quinto, mas seu companheiro, Nico Rosberg, foi primeiro. Hamilton teve um ídolo na infância, Ayrton Senna. Competir em Interlagos o transfere a edições épicas da prova, como a de 1991, vencida heroicamente por Senna, pois tinha apenas a quinta marcha na McLaren. "Sinto como se o Ayrton fizesse parte de mim. Eu adoraria ter pilotado naquela época", disse em entrevista exclusiva ao Estado.

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"Assistindo a seus vídeos tento absorver algumas de suas características, mas acho que sou assim naturalmente." O piloto inglês da Mercedes se assemelha a Senna na gana de vencer sempre. "Desde que comecei a correr de kart, com 8 anos, nunca penso em chegar entre os cinco primeiros, só me interessa vencer. Acho que tem gente que aprecia isso." Hamilton sente-se em casa no País. "Sinto que tenho uma relação única com o Brasil, também por causa de eu poder passar por um brasileiro (risos)."

Conquistar hoje uma boa posição no grid é sempre importante, mas não fundamental segundo Hamilton. "Esta é provavelmente a corrida mais difícil da temporada. Não dá para ultrapassar, há o sobe e desce do clima, é incrível. Adoro competir aqui."

Por ser a etapa de encerramento do campeonato, muito se tem falado já em Interlagos sobre o imprevisível Mundial do ano que vem, quando a Fórmula 1 passará por uma mudança radical do regulamento, como a volta do motor turbo e a menor geração de pressão aerodinâmica. Hamilton concorda que o cenário está aberto para que um time produza um carro capaz de ser um, dois segundos mais veloz que os demais. "Pode acontecer, mas espero que não, nem mesmo que o nosso carro seja tão mais rápido. Não seria correr de verdade. Nunca gostaria de vencer porque meu carro é dois segundos mais rápido", afirma o inglês.

"Ganhar de Fernando (Alonso) por eu estar tão mais veloz... não. Tem muita gente aqui que adoraria, desejam apenas vencer. Eu quero competir, lutar com Sebastian, uma hora eu fico na frente, na outra ele, amo essa disputa."

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Conversar com Hamilton representa sempre uma oportunidade de abordar sua pior temporada na Fórmula 1, a de 2011, e nunca bem explicada pelo piloto. Na McLaren, terminou o ano em quinto, com 227 pontos, enquanto o companheiro, Jenson Button, foi vice-campeão, com 270. "Não gosto de falar desse assunto. Eu não estava bem psicologicamente. Tinha muita coisa que não funcionava na minha vida pessoal, relacionamentos, não era capaz de conviver com aquilo tudo." Mas não guardará suas dificuldades consigo, apenas. "Um dia eu vou contar tudo, daqui a 50 anos, no meu livro, antes de morrer", diz, rindo.

Em outra conversa com a imprensa, Hamilton comentou que o tempo está passando e pelas mais diferentes razões só conseguiu um título mundial, em 2008, justamente no GP do Brasil. Assistiu a Sebastian Vettel, com 26 anos, conquistar os últimos quatro. "Imagino que deva ser mais difícil para quem é mais velho que eu, com 28 anos. Fernando tem alguns anos a mais (Fernando Alonso tem 32 anos), Mark (Mark Webber, da Red Bull, de despedida da competição, está com 37). Acho que eu tenho, ao menos espero, mais alguns anos de que eles para continuar tentando. Mas isso faz parte do jogo."

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