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World Series by Renault, que espetáculo!

29/IX/13 Nice

Por liviooricchio
Atualização:

Amigos, estive no fim de semana no circuito Paul Ricard. Daqui de Nice sigo de carro pela A8 até Toulon. São 160 quilômetros. Lá rumo pela A50 na direção de Bandol, outros 15 quilômetros, sempre com o Mediterrâneo do meu lado esquerdo, para acessar uma pequena estrada que me leva a Le Castellet, local do autódromo, mais 15 quilômetros. Em uma hora e cinquenta, respeitando os limites de velocidade na França, doentiamente controlados, lá estou.

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Fui para acompanhar de perto a oitava etapa, penúltima do calendário, da World Series by Renault, evento programado pela montadora francesa. E que evento! E que autódromo!

O que me veio a mente com frequência nas primeiras horas era como seria importante profissionais do automobilismo brasileiro estar nesses locais, uma vez por ano que seja, para entender o que existe no mundo. Claro que estamos falando de realidades distintas, financeiras, culturais, mas sempre é possível absorver algo e depois, dentro do que há disponível, tentar implantar.

É vendo o que os outros fazem de muito melhor do que nós que também podemos crescer. Mas infelizmente sou obrigado a recair no trágico ...isso seria querer demais dos responsáveis pelo automobilismo brasileiro. Seria preciso interesse, iniciativa, disposição para buscar soluções, realizar um projeto profissional, ser idealista, perseverante, jamais esmorecer.

Dá para ver que não temos nada disso?

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De volta. Primeiro o autódromo. Impressionante o estado de conservação. Havia um tempinho não apareceia por lá. Ok, é privado, pertence a Bernie Ecclestone, que criou na área uma superestrutura, com pista de pouso e decolagem de aeronaves, um resort cinco estrelas e edificações equipadas com sofiscada tecnologia destinadas a receber eventos de toda natureza. A agenda de ocupação do autódromo é impressionante. Montadoras o usam com frequência para lançamento de seus produtos, por exemplo, além de receber vários campeonatos.

Dentro do autódromo, quem gosta de automobilismo não sabe nem para onde olhar. Há de tudo. E melhor: liberdade total. Qualquer cidadão pode se deslocar pelo paddock. Vi famílias com crianças de colo e até o tradicional cachorro, tão comum aqui na Europa. A entrada é grátis. Havia milhares de pessoas.

Oferecem corridas de elevado nível de monopostos, como os da Fórmula Renault 2.0, Campeonato Europeu, com 37 carros no grid, e a impressionate Fórmula Renault 3.5, 25 carros, semelhante mas mais técnica que a GP2, de protótipos; a Le Mans Series Europa; e de Turismo, Troféu Megane e a Copa Clio, ambos campeonatos europeus também.

Além disso, houve exibições de David Coulthard com o modelo da Red Bull-Renault do ano passado, de um grupo de pilotos profissionais mantidos pela Renault, capaz de belas acrobacias, e exposição e desfile de modelos de automóveis antigos, verdadeiras preciosidades. Não preciso dizer do meu entusiasmo lá na hora, não?

No imenso paddock do autódromo há uma espécie de hangar com cerca de 10 simuladores. Lá fãs presentes são selecionados para disputar uma corrida com pilotos da Fórmula Renault 3.5, como o líder do campeonato, o dinamarquês Kevin Magnussen, que segue à risca a orientação dos promotores de serem acessíveis.

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E nem precisaria: Kevin é uma simpatia. Pena a sua assessora, contagiada pela doença da Fórmula 1 em que, sem consultar o piloto, o proíbe de tudo. Passa por ridícula num mundo tão mais avançado. Fora dessa disputa com o piloto os simuladores são liberados para o público. Basta entrar na fila.

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Seria muito bom também que os responsáveis pela Renault no Brasil conhecessem mais a fundo o que a mente inteligente de homens de sua própria empresa realiza e se inspirassem a investir no automobilismo brasileiro.

Ninguém esperaria nada nessa extensão, nem caberia, mas algo que fosse compatível com a tradição de sucesso da marca nas pistas desde a sua origem. E a maioria dos brasileiros não conhece. Quem sabe isso potencializasse sua já importante participação no mercado brasileiro, um dos maiores do mundo.

O momento é mais que oportuno. Quem tomar parte num projeto sério de criação de uma categoria de monopostos no Brasil além de contribuir para o País poder voltar a renovar seus campeões passará uma imagem simpática à nação, diante de sua necessidade extrema de rever conceitos no automobilismo brasileiro.

Infelizmente mudar os dirigentes da CBA não será possível nos próximos três anos e meio. Teremos de, apesar disso que está aí, tentar fazer algo que criei pelo menos alguma perspectiva, algo inexistente hoje.

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Na Fórmula Renault 3.5 há quatro pilotos brasileiros. Acompanhei de perto o seu trabalho, como havia feito este ano na etapa de Monza, no início de abril, na abertura do campeonato. Monza está a pouco menos de três horas de carro aqui de Nice.

Em Paul Ricard estavam André Negrão, da Draco, Pietro Fantin, da Arden, companheiro de Antonio Felix da Costa, prestes a ser confirmado pela Toro Rosso, na Fórmula 1, Lucas Foresti, da SMP Racing, e Yann Cunha, da AV Formula.

Nessa categoria há três pilotos que vão estar em breve na Fórmula 1 e se tiverem oportunidade apostaria que vão crescer: além de Felix da Costa, da Arden, com quem falo regularmente, há o eventual campeão, o dinamarquês Kevin Magnussen, da DAMS, e o belga Stoffel Vandoorne, da Fortec. Todos bem jovens.

Voltando aos brasileiros. Infelizmente não fazem parte desse grupo do que parece ser super talentos da Fórmula Renault 3.5. Mas não há bobo também, como se diz no jargão das pistas. Vi Andre Negrão disputar uma belíssima corrida, sábado, ao ganhar três posições na largada e acompanhar bem de perto esse trio que todos acreditam ter muito talento. Magnussen venceu, com Costa em segundo e Vandoorne em terceiro.

Com a desclassificação de Magnussen, por irregularidade no DRS - a competição tem DRS -, Costa ficou com a vitória, Vandoorne o segundo lugar e Negrão, o terceiro. Negrão vai estar na GP2 em 2014. Sua prova deixou excelente impressão. Em Monza e Mônaco, que o vi também, não andou tão bem.

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Yann Cunha e Lucas Foresti não terminaram a corrida enquanto Fantin recebeu a bandeirada em 12.º.

Neste domingo, as condições variáveis de aderência do asfalto mascararam o resultado. Na frente, Magnussen venceu e desta vez levou; o suíço Nico Müller, foi segundo; Costa, terceiro. André ficou em 11.º, Lucas Foresti, 17.º, Pietro Fantin, 20.º, e Yann Cunha não terminou.

Vi também um menino brasileiro na Fórmula Renault 2.0. Que excelente escola de pilotos! É Victor Franzoni. A exemplo de quase todos os brasileiros que chegam à Europa, todos muito jovens, comprendem logo que a concorrência está melhor preparada, técnica e psicologicamente. E no automobilismo moderno isso conta até mais que o talento para obter resultado. Neste domingo Franzoni marcou seus primeiros pontos ao terminar em oitavo.

Esse texto já está imenso, mas desejava contar um pouco dessa extraordinária experiência em Paul Ricard no fim de semana. Agora é arrumar a mala para terça-feira embarcar para a Coreia e, de lá, para o Japão.

Grande abraço, amigos!

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