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Apontar o dedo apenas para os atletas denota falta de autocrítica de Magnano

Treinador argentino campeão olímpico alegou falta de comprometimento dos brasileiros para não obter bons resultados na seleção

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Rubén Magnano foi campeão olímpico pela Argentina em Atenas-2004 e colocou o seu nome entre os maiores da história do basquete. Ponto. O treinador não obteve o mesmo sucesso no trabalho no comando da seleção brasileira masculina. Ponto.

Para o treinador argentino, os culpados foram os jogadores. A polêmica voltou à tona em uma entrevista de Magnano ao jornalista Carlos Altamirano em uma live. O técnico, mais uma vez, bateu na tecla da falta de comprometimento dos atletas.

Rubén Magnano com o grupo do Brasil em Londres (Reuters)  Foto: Estadão

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"Ter comprometimento com uma seleção nacional é um elemento determinante para conseguir um bom resultado. Uma coisa muito curiosa que sempre digo é que o compromisso é o que te permite chegar ao objetivo que você quer. Precisa ter gente realmente comprometida. Se não tiver, será extremamente difícil, por mais talento que você tenha", disse Magnano.

A trajetória de Magnano na seleção brasileira começou em 16 de janeiro de 2010 e terminou em 23 de agosto de 2016.

Se o treinador, neste período de seis anos, sete meses e oito dias para ser exato, não conseguiu extrair o tal comprometimento do grupo, ele também tem culpa no processo. Ninguém aceita trabalhar com os mesmos jogadores por tanto tempo sabendo que nunca vai alcançar o objetivo para o qual foi contratado.

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Magnano deveria ter pedido demissão muito antes disso se o problema fosse somente o comportamento inadequado dos jogadores.

Claro que o salário de R$ 107 mil mensais, além das mordomias que recebia da Confederação Brasileira de Basquete do presidente Carlos Nunes, era um bom motivo para continuar. Mas e o nome? Sua condição de campeão olímpico?

Aliás, eu tive oportunidade de entrevistar o Magnano várias vezes, em diversas oportunidades de sua passagem como treinador na seleção. Em todas, ele fez uso da palavra comprometimento. Era quase um mantra.

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Neste período com o treinador, o Brasil se classificou aos Jogos Olímpicos de Londres-2012, algo que não acontecia havia 16 anos, e foi eliminado pela Argentina nas quartas de final. Caiu novamente nas quartas do Mundial de 2014 - após pagar por um convite porque não garantiu vaga em quadra - e foi eliminado na primeira fase da Olimpíada do Rio-2016.

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Será que o comprometimento do treinador também foi o mesmo nos quase sete anos à frente da seleção brasileira? Eu tenho minhas dúvidas. Ele tentou, de fato, deixar um legado para o basquete brasileiro? Eu tenho minhas dúvidas.

Aqui abre um parêntese sobre o tema legado antes de continuar: Thelma Tavernari, uma da maiores treinadores de base do Brasil, disse que Magnano nunca foi ao Pinheiros para acompanhar um treino. O clube da capital é uma referência na formação de atletas.

Tal declaração de Magnano só me faz pensar que o treinador se sente acima do bem e do mal pela medalha de ouro olímpica pela Argentina e que nunca fez qualquer autocrítica sobre o trabalho (não muito bom) que realizou no Brasil.

Antes de ir, coloco aqui o posicionamento da CBB, agora sob o comando do presidente Guy Peixoto, que se irritou bastante com o comportamento de Magnano: "Nunca faltou comprometimento aos nossos atletas. Vestir a camisa do Brasil é motivo de orgulho para todos eles. Em vez de se eximir da culpa, Rubén Magnano precisa aceitar que os sete anos de trabalho à frente da seleção brasileira masculina adulta não deixaram qualquer legado para o basquete brasileiro, mesmo com o salário astronômico que recebia. Mais do que isso, precisa explicar o motivo disso. Culpar seus comandados durante todo esse período é saída fácil, baixa e covarde."

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