É necessário, em primeiro lugar, enaltecer o ouro da seleção feminina de basquete em Lima. A medalha dourada não era conquistada nos Jogos Pan-Americano desde 1991, em Havana, na geração de Hortência e Paula. Mas, em meio ao clima de euforia, o Brasil tem de focar em Tóquio-2020. A caminhada é longa e, principalmente, árdua.
Apenas duas seleções estão classificadas: o Japão, anfitrião do evento, e os Estados Unidos, campeões mundiais em 2018. A seleção feminina terá de passar por três etapas para alcançar uma das dez vagas que ainda restam em disputa.
O primeiro desafio será em setembro, em Porto Rico, na Copa América, que começa dia 22. O Brasil está no Grupo B, ao lado de Argentina, Paraguai, Colômbia (rival da estreia) e Estados Unidos. A chave A tem Porto Rico, República Dominicana, Cuba, Canadá e México. Para seguir com chances de ir para Tóquio basta ficar entre os oito primeiros.
Na sequência, estes oito países serão separados em dois pré-olímpicos pan-americanos de quatro equipes e apenas os dois primeiros de cada lado se classificam para um pré-olímpico intercontinental com outras 12 seleções, sendo seis da Europa, quatro da Ásia/Oceania e duas da África.
Nesta última etapa serão quatro pré-olímpicos com quatro times cada, sendo que dois deles fornecem três vagas e dois, duas, totalizando 12 países para os Jogos de Tóquio.
Antes de ser campeão no Pan, em entrevista para o Estado, o técnico José Neto já alertava para o caminho complicado da seleção para se garantir em Tóquio. "É uma disputa, que podemos colocar, como injusta", disse o treinador, referindo-se ao fato de estar iniciando o trabalho e ter de enfrentar seleções já estruturadas.
A conquista do ouro em Lima, no entanto, dá um alento para o sofrido basquete feminino, que foi negligenciado nos últimos anos.