Há uma lógica de mercado no futebol do mundo. E essa lógica guarda pouca conexão com o desempenho dentro das quatro linhas. Na verdade, o nexo entre um jogador, um clube e essa montanha de dinheiro que vai de um lado para o outro se explica pelo status econômico de cada nação. E esse status está diretamente refletido nas ligas de futebol de cada país.
Quer um exemplo? Ángel Di María. Esse argentino, vice-campeão do mundo, já movimentou EUR 179 milhões em quatro transferências. Um absurdo de dinheiro, principalmente quando se leva em conta que o francês Paris Saint-Germain resolveu pagar EUR 63 milhões para ter o craque.
Se foi caro, se foi barato, pouco importa. Até porque, pelos valores praticados na janela de transferência europeia, Di María, craque como é, tem pré-requisitos para reclamar esse papel de destaque.
Mas o que chama a atenção não é exatamente os EUR 63 milhões do clube francês. O que escancara a relação "nações de primeiro mundo" e "países em desenvolvimento", mesmo no futebol, é imaginar que o Benfica, de Portugal, desembolsou apenas EUR 8 milhões para tirá-lo do Rosário Central, da Argentina, em 2007.
Em outras palavras, sete anos depois, Di María registrou uma valorização de quase 700% em um momento que a economia global, e principalmente a europeia, tem vivido momentos terríveis desde a crise de 2008. Curioso, não?
Agora, por que só EUR 8 milhões para Rosário Central e EUR 33 milhões para o Benfica, quando este resolveu vender o jogador para o Real Madrid em 2010? Simples, a economia portuguesa, mesmo castigada pela crise da Europa e ocupando uma posição de número 47, está inserida na zona do euro. E a Argentina, mesmo sendo a economia de número 24, não consegue competir.
Mas os números de Di María dão mais subsídios. A Espanha, 14a. economia, assistiu um de seus times, o Real Madrid, receber o dobro do valor pago aos portugueses, quando o vendeu para o Manchester United por EUR 75 milhões. O Reino Unido é a quinta economia do planeta.
Portanto, mesmo sendo números nominais, e não contemplando lá outros indicadores, apenas levando em conta a inferência das realidades desses times em um contexto macroeconômico, é fácil ver como os clubes da América do Sul, por exemplo, não conseguem traduzir à perfeição o tamanho das economias de seus respectivos países.
Trocando em miúdos, vendem barato demais os seus jogadores!
A continuar assim, portanto, vão continuar assistindo seus promissores atletas, por somente ter pisado em solo europeu, passarem a acumular muitos zeros à direita. E se nada for feito, vão assumir de vez a condição de meros entrepostos da bola no mundo!