Estatuto, preto no branco, assinaturas para lá e para cá, e voilà, eis a Liga Sul-Minas-Rio. Mesmo que não consiga organizar um campeonato já para 2016, essa liga guarda lá algum potencial para chacoalhar a estrutura atual do Campeonato Brasileiro.
Primeiro, porque entre os 13 clubes fundadores, há ali 21 títulos brasileiros ou 22, segundo a torcida do Flamengo. Sem contar Libertadores e Mundiais de Clubes.
Ou seja, gigantes nacionais como Flamengo, Fluminense, Internacional, Grêmio, Cruzeiro e Atlético Mineiro ao lado de potências regionais como Coritiba e Atlético Paranaense, além das forças estaduais de Santa Catarina, tem tudo para atingir centralmente a lógica de calendário no País.
Só para constar, as forças catarinenses são: Criciúma, Chapecó, Joinville, Avaí e Figueirense, signatárias da Liga.
Portanto, além do potencial natural desse encontro de camisas, que fatalmente produzirão bons jogos, há ainda o alcance em direção ao mercado consumidor do Sul do Brasil, além do Rio de Janeiro. Mas como Flamengo e Fluminense, os dois cariocas, têm apelo na região Nordeste e Norte, não será difícil imaginar que ali também despertará alguma atenção.
Ou seja, claramente, deu-se o pontapé inicial em um novo produto futebol de fôlego. E se colocado em perspectiva com o atual momento da entidade máxima do futebol verde-amarelo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), também não fica difícil ver o tamanho do mecanismo de pressão que acabou por se formar.
Em outras palavras, a cada novo episódio vai ficando cada vez mais claro o desejo dos clubes em chutar para escanteio os estaduais e priorizarem de vez os encontros nacionais, que acontecem hoje ou na Copa do Brasil ou no Brasileiro, e de vez em quando na Libertadores.
Os encontros nacionais geram visibilidade, atraem o grande público e arrancam sorrisos de patrocinadores de camisa e fabricantes de material esportivo. E dentro de campo produzem jogos melhores.
No fim das contas, o que está se criando é um embrionário campeonato nacional, que vai colocar no canto a lógica atual de calendário, que é quem dificulta tudo mesmo. Impede, por exemplo, que os clubes viajem ao exterior, ganhem visibilidade global, façam de maneira adequada uma pré-temporada e respeitem as datas-Fifa.
Em suma, ainda que tardiamente, o calendário nacional entrou de vez na alça de mira de algumas agremiações. Faltam as de São Paulo e mais algumas, cuja força regional já não mais pode ser ignorada.