"Começar de novo"... Longe de ser um fado, mas bem que poderia sê-lo, a música do cantor e compositor Ivan Lins emoldura perfeitamente o atual momento da Associação Portuguesa de Desportos. Sete rebaixamentos em 13 anos! Quatro deles nos últimos quatro anos! O que restou daquela Portuguesa respeitada e dona de grandes times?
A tentação em responder "Nada!"existe. A tentação em afirmar cabalmente que o clube se apequenou para todo sempre, que acabou, que não mais sobreviverá e talvez até nem consiga completar 100 anos em 2020 provavelmente até esteja sendo balbuciada por parte de sua fanática torcida. É provável!
Mas há algo n'alma desta agremiação, que mesmo que tudo aponte para o fim, que tudo caminhe para o desenlace derradeiro, insiste em lançar um senão. Uma dúvida!
O fato é que para quem ainda acredita em sua ressurreição, o caminho se apresenta como árduo, solitário e difícil de ser cumprido. Que a Portuguesa não tenha falsa esperança, porque dependerá única e exclusivamente dela o difícil ato de se reencontrar. E para se reencontrar, a Lusa do Canindé vai precisar se olhar no espelho e reconhecer os maus tratos do tempo.
Reconhecer que a Portuguesa de hoje é um arremedo sem graça da Portuguesa de ontem. Reconhecer que a Portuguesa de hoje apresentou o primeiro sintoma no início dos anos 2000 e de lá para cá resolveu se automedicar, como se assim pudesse tratar suas próprias chagas. Mas no futebol não há panaceia.
Acaso ainda resista ao reflexo de sua imagem em 2015, a Portuguesa, então, a partir daí poderá sonhar. Sonhar e planejar, principalmente, planejar.
Planejar o fim das sucessivas humilhações dentro de campo passa pelo entendimento que sua camisa é barata nesses tempos de marketing esportivo e que sua bilheteria é ingrata. Não ajuda!
A saída da Lusa está no seu maior patrimônio, o seu complexo esportivo. Mas engana-se quem pensa que a venda seria a melhor saída. Não! Bem longe disso! A saída é fazer àquela área ser rentável.
Mas entre "ser" e "fazer" há um "Canindé" de distância. É fato! E é justamente aí, nesse vazio de tempo e espaço até que se tome uma direção, que o futebol rubro-verde precisa calçar suas chuteiras.
A saída do futebol da Lusa está onde sempre esteve: em suas categorias de base. Retomar o controle, investir tudo que é possível, aproximar ex-jogadores dos garotos para que a referência dos velhos tempos volte, eis a combinação e talvez única trilha para que a Portuguesa finalmente coloque a bola dentro do gol novamente.
Nada disso é fácil, como também não foi fácil trazê-la para o nível atual. Mas se não recuperar sua identidade, aí sim, a Portuguesa deixará de existir, cedo ou tarde, mas sucumbirá ao futebol que se desenha para este século XXI.