A não polêmica está de volta. Agora, em forma de diversionismo sobre as conquistas dos mundiais de clubes sob a sempre reluzente chancela "Fifa" ou, se preferir, "padrão Fifa".
Sem conseguir ou se interessar em organizar durante anos a fio um campeonato entre clubes do mundo, a Fifa resolveu reconhecer, como se isso fosse absolutamente necessário, a conquista de Flamengo, São Paulo, Grêmio e, pasme, do Santos dele, do Pelé. E mais, a pedido da Conmebol, a entidade do futebol na América do Sul.
Sinceramente, alguém em sã consciência poderia duvidar de que um encontro entre o Santos de Pelé e o Benfica de Eusébio não seria um jogo digno de uma disputa de clubes pela alcunha de melhor do mundo? Ou que a geração Raí sob a tutela de Telê Santana - técnico da Seleção Brasileira em duas copas, a de 1982 e 1986 -, não seria diante do poderoso Milan e Barcelona um jogo com cara e jeito de mundial?
O mesmo se aplica a um time, cujo meio de campo sabe-se de cor e salteado: Adílio, Andrade e Zico. E olha que essa turma do inesquecível Flamengo teve pela frente os ingleses do Liverpool...
Agora, mais um exercício. E o que dizer dos alemães do Hamburgo frente o Grêmio do craque Renato Gaúcho, Mário Sérgio e Paulo Cesar Caju? Convenhamos...
Mas vai aqui uma sugestão à Conmebol, que pode também servir à Fifa. Como entidades representantes do futebol, não seria mais interessante alocar esforços em direção ao contínuo processo de transparência do futebol e, por extensão das entidades?
Depois, que tal aproveitar a reunião de todos na Índia e debater como regular e adotar, de vez, a tecnologia no jogo? Ou ainda, como ficar de olho no gigantesco mercado de apostas esportivas?
Mas tem mais sugestões... Só que essa é mais espinhosa, o que certamente demandará mais energia. Como a Conmebol, em parceria com a Fifa, poderia arrumar um jeito para diminuir o fosso econômico existente, fruto do desequilíbrio atual entre Europa, Estados Unidos e o resto do mundo, e que afeta a competitividade, inclusive do campeonato mundial? Porque é pouco provável que algum clube sul-americano consiga ser competitivo no Mundial de Clubes da Fifa diante de verdadeiras seleções de jogadores reunidas em uma única camisa de agremiação.
Trocando em miúdos, o reconhecimento, pelo menos no Brasil, só serve para aguçar a rivalidade entre as equipes. E que se for feita dentro da esportividade, pode até ser sadio. Mas do ponto de vista prático não contempla avanço algum. Nem esportivo. Nem técnico. E tampouco financeiro. É a não polêmica vestindo a camisa 10 do futebol.