Montillo... Há muitos por aí... Tomando decisões honestas, honradas e éticas diariamente. São anônimos, mas que ganham voz quando alguém com a mesma postura diante dos desafios da vida, mas famoso, diz ao mundo o que de fato anda acontecendo em suas vidas. E o faz diretamente, sem rodeios, sem firulas.
Montillo, tu talvez não saibas, talvez não tenhas dimensão em como uma atitude honesta injeta otimismo no cidadão anônimo, seja ele rico ou pobre. É uma dose cavalar de fé no ser humano.
Contratado para ser a a estrela da Estrela Solitária em 2017, Montillo disse adeus à bola em virtude de sucessivas lesões, cinco para ser mais exato nesses seis meses de Botafogo. No último compromisso, diante do Avaí, ficou apenas 7 minutos em campo. Sete! O mesmo número de sua camisa no Alvinegro. Uma triste coincidência, dessas que só acontecem com o Botafogo.
O fato é que Montillo foi íntegro. Diante dos filhos e de sua esposa, esse argentino de 33 anos, bom de bola, marcou um golaço, sem precisar driblar marcadores ferozes ou promover arrancadas geniais dentro de campo. Montillo somente encarou o seu problema de frente e isso tem muito valor.
Até porque ele poderia voltar ao departamento médico, dar início aos treinos, cumprir seu contrato e pronto. E tudo estaria transcorrendo dentro da normalidade de um acordo de trabalho. Mas ele preferiu o caminho da sinceridade. Algo raro em dias de marketing esportivo e cifras nababescas no futebol.
O exemplo de Montillo não pode ser chutado para escanteio, principalmente quando se olha ao redor do cotidiano brasileiro. E agora, com o fim de sua carreira, qualquer torcedor se lembrará não mais apenas dos títulos importantes conquistados no Cruzeiro e San Lorenzo, mas sim da atitude digna que só os grandes costumam ter. Montillo, hermano, a 7 do Fogão, a partir de agora, ganhou mais um significado, como as sete letras que dão sentido à palavra c-a-r-á-t-e-r.