Experimente pronunciar o nome de Paulo Henrique Ganso em um jogo de futebol. E na hora de verbalizar reafirme que o atleta poderia resolver uma partida, qualquer partida, de maneira até fácil. Pronto! Certamente, você acabou de ingressar em uma das mais acaloradas discussões que rodeiam o futebol no País, a de que, afinal, Ganso é ou não é craque?
Se no início desta década, o debate fosse feito, a resposta seria tão certeira quanto um passe do jogador, ou seja, Ganso é craque e não se fala mais nisso. Agora, se a discussão for iniciada neste exato momento, seria um show de respostas diversas.
O fato é que debater se Ganso tem ou não talento ajuda pouco, porque é óbvio que o atual camisa 10 do São Paulo é dono de uma privilegiada visão de jogo. Além de bater de maneira refinada na bola. Ou seja, indiscutivelmente Ganso sabe jogar futebol.
A grande questão, portanto, é por que Ganso não engata de vez? Talvez o jogador seja produto de um encontro entre "maré" e "má sorte". Porque ao voltar cinco anos, a dúvida do então treinador da Seleção Brasileira, Dunga, não era se deveria ou não levar Neymar Júnior para a Copa do Mundo de 2010, o senão recaía na direção de Ganso. E ele não foi!
Desde então, a carreira do jogador se transformou. Vieram as contusões, as demoradas recuperações e a saída conturbada do Santos, o clube que o revelou e o projetou.
Mas mesmo sob efeito dessa maré nada agradável, o jogador ainda teve um lance de sorte. Em vez de desembarcar em algum clube menor da Europa ou mesmo do Brasil, Ganso foi parar no gigante e rival do Santos, o São Paulo.
Em outras palavras, não haveria situação mais favorável para que o atleta recuperasse o seu melhor jogo e sepultasse de vez qualquer dúvida a respeito de seu nato talento. Só que isso nunca aconteceu!
O que talvez falte a Paulo Henrique Ganso seja a constância e a combatividade que o moderno futebol não pede, exige. Além disso, ele poderia aprender a marcar mais e melhor, porque costuma cometer faltas importantes quando se aventura a tirar a bola do adversário. E se aprimorasse esse fundamento, Ganso poderia até mudar de posição em campo, se quisesse.
Basta ver o que acontece na Europa, onde se exige que a saída de bola seja qualificada. Então para fazer bem essa tarefa, nada melhor que um meia de extremo talento para dar início ao jogo, como faz a Juventus com Pirlo ou como o Bayern de Munique com Schweinsteiger, por exemplo.
Ou seja, há enorme espaço para que, inclusive, Ganso se reinvente ou mesmo permaneça como meia que é. Basta que ele incremente a sua participação nos jogos e seja mais combativo, porque o mais difícil ele tem, que é o talento.