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Um blog de futebol-arte

Hoje tem jogo da seleção. E daí?

10/10/2006

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Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

De que adianta o jogo de hoje contra o Equador? De nada, eu diria. Ainda mais porque acontece em Estocolmo, e não serve sequer para reaproximar a seleção do seu público-alvo, a torcida brasileira. Digo isso e já me arrependo do que escrevi. Público-alvo? Quanta inocência... Quem disse que a seleção deseja se reaproximar da torcida brasileira, ou que isso seja do interesse de quem a explora, a CBF, ou mesmo dos jogadores que a compõem? Nesse sentido, exibir-se para um público internacional parece fazer muito mais sentido para o projeto da entidade porque é mais rentável, atinge um público de maior poder aquisitivo, etc. E, para os jogadores, também é melhor exibir-se em seu próprio território de atuação. Portanto, quem esperava que, depois do fiasco da Alemanha, a seleção fosse redefinir seus rumos e "abrasileirar-se", pode desde já tirar seu cavalinho da chuva (o que será que esta expressão quer dizer, meu Deus?). Dunga entrou para obedecer o chefe, Ricardo Teixeira, e este tem na seleção seu carro-chefe, financeiro e político. E ponto. O resto é saudosismo. Raciocinando assim, fica claro como mudaram as expectativas de todos, torcedores e clubes brasileiros, em relação à seleção. Antes, os clubes (e as torcidas) disputavam a primazia de ter seus craques convocados. Ter mais jogadores na seleção era sinal de que seu time era melhor que o do rival. Hoje é o contrário. A seleção passou a ser um estorvo, pelo menos para quem não está a fim de valorizar o jogador para vendê-lo no mercado externo. Daí a chiadeira do São Paulo com a convocação do Mineiro. O Grêmio parece ter ficado contente em perder Lucas, porque, convocado, interessou ao Atlético de Madri e pode ser vendido em euros. Já o diretor de futebol do São Paulo, Marco Aurélio Cunha, estranha que seu clube e o Grêmio tenham jogadores convocados, enquanto Fernandão, "que está arrebentando no Inter", não seja lembrado. Seria um complô? Já os jogadores ficam deslumbrados com as perspectivas profissionais abertas por uma convocação. Os neófitos, que ainda jogam no Brasil, sonham com a transferência para o exterior. Os veteranos esperam que a seleção os valorizem em seus clubes. Por exemplo, Robinho, que esquenta o banco no Real Madrid, tenta usar a seleção como trampolim para a titularidade. Outros vêem chances de subir de status: Elano, sem visibilidade na Ucrânia, vislumbra a chance de se mudar para um time de ponta e valorizar-se. E assim por diante.

Repito a pergunta inicial: para que serve o jogo contra o Equador? E reformulo a resposta: para nós, brasileiros, torcedores ou simples aficcionados do futebol, nada. Para quem tem interesses econômicos no mundo da bola, significa realização de bons negócios. A seleção, a velha e boa camisa amarela de cinco estrelas, não parece ser um fim em si, mas um grande pólo gerador de lucros. Com os quais eu e você, leitor, nada temos a ver. Daí o desinteresse que tenho encontrado (pelo menos em meu meio de relacionamento) com os destinos do selecionado e seus jogadores. Ou será que alguém, fora a torcida do Barcelona, anda perdendo o sono com a má fase do Ronaldinho Gaúcho? Alguém, fora os torcedores do Real Madrid, se interessa pelo fato de Robinho até agora não ter rendido o que dele se esperava? Ou alguém se inquieta pela ausência de Adriano, com exceção dele próprio e da torcida da Inter?

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