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Um blog de futebol-arte

Hora de união *

Tenho achado meio estranho o derrotismo que se apoderou do Palmeiras. Não que a situação seja boa. Pelo contrário. É ruim. Direi mais: péssima. Mesmo assim me recuso a acreditar que um clube desse porte possa jogar a toalha faltando ainda 13 rodadas a disputar. Ou seja, 39 pontos potenciais. Ninguém imagina que o Palestra vá ganhar todos os jogos. Nem a maioria deles. Mas por que não pode vencer e empatar o suficiente para se colocar na zona de salvamento, que muitos fixam nos 42 pontos ganhos?

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Para fazê-lo, teria de faturar 22 pontos em 39 possíveis, ou seja, ter um aproveitamento de 56%, quando o atual é de 20 pontos em 25 jogos, 26,6%. Números. Dizem alguma coisa e, afinal, são eles que sagram o campeão e levam quatro clubes à Segundona. Mas, como devem ser interpretados esses números? Simplesmente assim: o Palmeiras deve mudar radicalmente de atitude se quiser livrar o pescoço.

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A meu ver, tem condições para isso. E não se trata apenas da tradição da camisa, da história gloriosa, dos títulos conquistados. Afinal, desde que Nelson Rodrigues falou que uma camisa como a do Flamengo podia jogar sozinha, sabemos que afirmações desse tipo não passam de metáforas. Que, como todas as metáforas, têm sua dose de verdade, mas não podem ser levadas ao pé da letra.

A camisa é importante, mas o fundamental é saber quem a veste. Não adianta colocar num cabeça de bagre ou num jogador desmotivado a camisa que foi de Pelé. Ou de Ademir da Guia. Ou de Zico. Precisa do jogador. E o Palmeiras, se não é nenhum esquadrão, tampouco é time de dar pena. Pelo menos no papel. Tem jogadores de bom nível como Valdivia e Barcos. Conta agora com o retorno de Marcos Assunção, dono da "jogada única" que tem salvado o Palmeiras em muitas ocasiões. Não é time para o qual o treinador olha e coça a cabeça, sem opções. Não é um esquadrão, repito. Mas também não é o Íbis.

O que me ocorre é outra coisa: se alguma doença atinge o Palmeiras, ela é da alma. Não sei (e nem quero saber) nada dos bastidores alviverdes. Me poupem. Vejo de longe, como observador. E esse time que entra em campo me parece profundamente desequilibrado do ponto de vista psicológico. Está mal. E precisa reencontrar-se rapidamente se quiser escapar da degola. Repito: tem condições técnicas para isso. Falta-lhe centro, eixo, serenidade.

Uma campanha para salvar o Palmeiras deveria ter isso em mente: ao contrário de pressão, apoio e carinho. Pressão não resolve. É coisa de tolo achar que vai ameaçar dirigente ou mesmo jogador e as coisas vão melhorar. Se o time já está mal, pressionado, tende a piorar e não melhorar. Faz parte da nossa mentalidade contemporânea achar que com um pouco de terrorismo o desempenho do outro vai melhor. É justamente o contrário.

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Os erros já foram cometidos, e não foram poucos. Mas não é hora de discutir a relação. É salvar-se, e deixar a pajelança para depois. Para isso, todos os alviverdes deveriam se unir, como não o fizeram até agora.

* Coluna Boleiros, publicada no Caderno de Esportes do Estadão

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