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Um blog de futebol-arte

La donna è mobile

Em uma de suas óperas, Giuseppe Verdi diz que mulher é mais volúvel do que pluma ao vento. E comentários esportivos parecem mais inconstantes do que a mulher do Verdi. Não é que o Palmeiras, tido até a véspera como grande bicho-papão do campeonato, acaba de ser destronado da condição de favorito só porque perdeu para o São Paulo? Não é que o Corinthians, que de fato tem o melhor elenco, passou a ver visto como o provável vencedor por conta da goleada de sábado? Não é que o Santos, que todo mundo sabia estar em montagem, é visto como cachorro morto, porque perdeu da Lusa Santista? No fundo, essas mudanças bruscas de opinião, baseadas apenas nos últimos resultados, refletem o equilíbrio do campeonato e a dificuldade de fazer previsões em matéria de bola. Como as da meteorologia, elas vão mudando conforme as nuvens e os ventos. No futebol, como no clima, fazer prognósticos muito fechados equivale a dar a cara para bater. Quem assistiu ao clássico viu um jogo muito igual, decidido nos detalhes a favor do São Paulo. Pelo que produziram os dois times, se desse empate, ou Palmeiras, não seria nenhuma aberração. Agora, quem achava (eu inclusive) que o São Paulo estava muito enfraquecido pelas saídas de Cicinho, Amoroso e Grafite, se sente obrigado a revisar cálculos. E quem já saiu falando que o Palmeiras não é lá essas coisas, só porque perdeu um jogo, deve lembrar das sete vitórias seguidas - série que não se consegue por acaso. Do outro lado, quem tinha certeza de que a simples presença de um grande técnico seria suficiente para formar um esquadrão, deve refletir de novo, em especial depois de ver o primeiro tempo do jogo do Santos contra a Lusinha. Ficou claro que o Peixe precisa de reforços. Mas também por que esquecer que o time vinha de três vitórias seguidas? E por que esquecer o que todo mundo dizia, que o time estava em formação e portanto iria oscilar? Pois bem: oscilou. Para baixo. Erraríamos menos com análises baseadas em séries mais longas, só que o futebol não nos dá tempo para isso. Deveríamos talvez prestar menos atenção aos resultados dos jogos e mais ao que realmente acontece em campo. Nem sempre o placar reflete com exatidão o comportamento das equipes. Mas tendemos a raciocinar como se isso acontecesse com rigor matemático. Não é bem assim. PÍLULAS DO MUNDO DA BOLA *É chato elogiar o Ricardo Teixeira, mas a gente tem de ser coerente: gostei da manutenção do Brasileiro em 20 participantes, apesar do lobby contrário de alguns clubes. Respeito o pensamento de quem diz que o Brasil é grande demais para ter apenas 20 times na Série A. Respeito mas não concordo, porque o problema é de qualidade e não de quantidade. Será que temos mais de 20 bons times no País? Acho que não. Sei lá, se encontrarmos meia dúzia já me dou por satisfeito. Agora, o que não respeito mesmo é o argumento (nunca confessado por inteiro) dos grandes clubes. Dizem que ficam a perigo num campeonato em que 4 descem. O que desejam? Cadeira cativa na elite? Se não querem correr riscos,que se preparem direito. Aliás, clube grande tem de se preparar é para ganhar o campeonato. Se entra com medo de cair, já é um rebaixado moral, se me permitem a expressão. *Luizão, que já beijou uns 500 escudos, chegou ao Flamengo e disse estar realizando antigo sonho, já que é Mengo desde criancinha. Outro sonho realizado: Alex Dias saiu do Vasco para o Morumbi e declarou que torce para o São Paulo desde tenra idade. Comovente. *Jorginho, lateral da seleção do tetra e hoje técnico do América, proibiu os jogadores de falarem palavrão. Mesmo em treino. Evangélico, exorta os boleiros a se afastarem de cigarro, bebida e sexo fora do casamento. O símbolo do América é um diabinho. Jorginho quer mudá-lo. *Leio que Ronaldinho Gaúcho entrou com pedido de naturalização espanhola. Se o processo seguir rápido, poderá jogar como "compatriota" de Roberto Carlos e Ronaldo já nesta Copa. Temos de reconhecer: é incrível como tem subido o nível dos jogadores espanhóis.

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

7/2/2006

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