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Mata-mata x pontos corridos: o falso dilema

 

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Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Leio hoje na Folha que a maioria dos clubes brasileiros da série A é favorável à volta do mata-mata. Acham a atual fórmula de pontos corridos, "monótona".

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A TV Globo fica em cima do muro, mas, pelo que se diz nos bastidores, também é a favor do método antigo, pré-2003. O futebol vem perdendo público na TV aberta, e isso causa alvoroço.

Talvez não tenha passado pela cabeça dos presidentes de clubes, da emissora global ou de quem quer que seja, que talvez a causa da evasão do público seja a baixa qualidade do espetáculo apresentado.

Claro, futebol é paixão, camisa, torcida e etc. Pode-se apostar que, por pior que seja um jogo, sempre há de atrair a parte mais engajada da torcida dos dois times. Para estas, vale o time, mística da camisa, o amor. Já para outra parcela do público, a qualidade do espetáculo conta. E muito. Esta parcela começa a se desinteressar do futebol brasileiro e migra para outras ligas, que passam na TV a cabo. Determinados jogos passam até mesmo na TV aberta. Migra também para outros esportes. Até futebol americano querem nos enfiar goela abaixo.

Não me consta que as principais ligas europeias, Itália, Inglaterra, Espanha, Alemanha cogitem de mudar a fórmula de disputa. Vão muito bem desse jeito mesmo. Fazem seu principal campeonato na fórmula que premia o melhor time e mantêm outras disputas, inclusive a badalada Liga dos Campeões, no sistema de grupos e depois mata-matas, até sair o campeão. É o certo.

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E, desde quando o Brasil se preocupa em fazer o certo? Diante da nítida decadência do futebol nacional, alguém se preocupa em discutir como isso foi acontecer com o país pentacampeão? Ou procurar saídas realistas para o problema? Não. Tomamos de 7 a 1 e achamos que mudar a fórmula de disputa é a solução. O formato é que está errado. Não os principais times mostrarem formações cheias de pernas de pau em seus elencos.

O Brasil é um país em franca regressão. Ideias ousadas, radicais, no bom sentido, estão em baixa. Também no futebol. Parece aquela antiga piada machista. A mulher trai o marido no sofá da sala? Venda-se o sofá.

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