O que se fala menos, nesse momento, é que a estrutura arcaica é característica de vários outros clubes brasileiros, para não falar de todos.
O São Paulo era tido como modelo administrativo, mas agora está à mercê de um dos piores aspectos do personalismo: o desejo de continuar com o poder, indefinidamente. De modelo de "gestão" tornou-se igual aos outros. O resultado em campo é reflexo dessa situação.
O Corinthians, depois de anos patinando no mais completo amadorismo, encontrou em Andrés Sanchez (e seu continuador, Mario Gobbi) uma gestão que lhe tirou dois pesos dos ombros, de uma só vez: a falta de um título na Libertadores e a falta de um estádio. A grande sacada foi manter Tite quando a tradição mandava que fosse demitido após a eliminação para o Tolima. Vamos seguir os passos e ver se esta administração também não tende ao continuísmo.
O Santos vinha sendo comandado por uma família, com o cargo de presidente passando de pai para filho. Virara uma hacienda, em que pesem algumas conquistas. Veio a versão modernizante de Luis Alvaro, o Laor, que acertou algumas bolas dentro, como a manutenção de Neymar no Brasil. Mas errou no planejamento do segundo semestre de 2012 e enrolou-se no caso Ganso, que mina o moral do elenco, por dentro. Vem apregoando uma gestão corporativa, o que para mim não é mérito nenhum. Gestão corporativa não liga para as pessoas, só vê números e faz do pragmatismo a sua Bíblia. Não presta para futebol. Aliás, não presta para nada. Se não unir uma boa gestão à matéria-prima da paixão não vale um caracol. Clube não é banco, para dar lucro. Tem de mostrar futebol em campo.
Na minha visão das coisas, gestão corporativa é a forma moderninha do arcaísmo.