Já o badernado Corinthians tinha os craques para resolver o problema e se deu bem. A tática representa a força da lógica. Trabalha no domínio do previsível, da ordem, da razão. O craque inventa a sua própria lógica. O craque é o curto-circuito no sistema. Aquele que obriga o sistema a se reinventar. É o que está em falta no futebol brasileiro, sendo o Corinthians uma das raras exceções. Comparando os dois times paulistas, o que temos? Um, o Santos, que com o atual elenco parece no limite da sua eficiência. Não tem muito mais como crescer. Está certinho, redondo, mas lhe falta a faísca de talento, aquela que faz a diferença entre os times competentes e os realmente grandes. Já o Corinthians dispõe de muito espaço para melhorar. Está longe de mostrar todo o seu potencial. Aliás, está devendo há muito. Mas, se conseguir administrar a própria cabeça e ordenar-se, pode ir muito mais longe. A tática não é uma camisa-de-força para o craque, pois ele sabe como negá-la quando preciso.
NOVOS DESAFIOS
Os clubes brasileiros têm novos desafios a vencer além dos já conhecidos como a perda de jogadores no meio da temporada, a fragilidade econômica, a politicagem interna, o descaso da CBF, o anacronismo de gestão de alguns deles, etc. Com o furor punitivo dos tribunais,agora são obrigados a dedicar boa parte da sua energia e tempo para resolver o problema de jogadores e técnicos suspensos, julgamentos refeitos, sentenças draconianas. Vivem agora sob ameaça constante de procuradores insaciáveis com seus livros da lei sob o braço. Nada disso acontece por acaso. O futebol faz parte do mundo e reflete o que acontece nele. Com a crescente americanização da sociedade brasileira, também o futebol está sendo levado com freqüência maior às barras dos tribunais, que intervêm cada vez mais no andamento e resultado dos campeonatos. Hoje, um advogado eficiente é tão importante para um clube quanto um centroavante matador. Há quem veja nisso um progresso. Não eu.
23/5/2006