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Sua dose diária de esporte olímpico brasileiro

Atleta do revezamento brasileiro cobra R$ 150 para tocar violino em casamentos

Preste bastante atenção na próxima vez que você se deparar com um exímio violinista em um casamento. Se ele for um jovem de pele lisa, raros pelos no rosto, olhos sempre atentos e um sorriso de orelha a orelha, é muito provável que o violinista seja um atleta olímpico. No caso, Alexander Russo, 21 anos, novidade no revezamento 4x400m do Brasil para os Jogos do Rio.

Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

O atletismo é o intruso na vida do músico. Aos 3 anos, o menino nascido em São Paulo e criado em Boituva (SP) já fazia as primeiras aulas de violino. "Minha mãe tocava piano para mim quando eu ainda estava na barriga. Ela sempre quis que eu fosse músico", conta Alex, como é chamado no meio esportivo.

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A primeira apresentação foi aos 5 anos, em um casamento. Passados 16 anos, ele segue disponível para esse tipo de evento. O preço varia de acordo com o tempo de apresentação e o número de músicas, mas com R$ 150 já é possível ter um atleta olímpico abrilhantando um casório.

A qualidade é garantida. Alexander é um exímio violinista, formado no conceituado Conservatório de Tatuí, no interior de São Paulo, onde estudou dos três aos 19 anos. Chegou a ser o spalla da Orquestra Sinfônica Jovem de Tatuí, uma das mais tradicionais do País.

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O esporte só entrou na vida dele em 2011, aos 17 anos, contra a vontade dos pais, que queriam um filho músico. Na escolinha do técnico Alan Antunes, em Boituva, Alex se arriscou primeiro nos 100m e 200m. Sem muita técnica, já foi bronze no Brasileiro de Menores daquele ano mesmo. Velocidade ele tinha.

"Foi quando eu recebi o convite para treinar com o professor Evandro Lázari, em Campinas. Ele disse que eu tinha mais o perfil para correr os 400m e a gente fez um teste. E graças a Deus deu certo", lembra.

Em 2013, no primeiro ano nos 400m, já foi o 12.º do ranking nacional adulto. Sétimo em 2014 e melhor sub-23 de 2015, já na gigante equipe da BM&F Bovespa, passou a sonhar com a Olimpíada. "Precisei deixar o violino um pouco de lado, para focar no esporte", conta. A carreira musical era sucesso garantido, mas o coração agora bate forte pelo atletismo.

As apresentações musicais agora são restritas à celebração semanal na igreja evangélica Bola de Neve, que garantiu uma corrente de oração para que Alex fosse à Olimpíada. Deu certo. Em sexto no Troféu Brasil nos 400m, o garoto, agora com 21 anos, pegou a última vaga no revezamento 4x400m. Os gritos de comemoração, audíveis de longe, não eram tão afinados quanto as cordas do seu violino.

Como foram seis convocados, dificilmente Alex irá correr a prova. Deverá ficar como reserva. Mas só ir à Olimpíada já será um sonho que não fazia parte dos planos que dedicava seus dias ao violino até cinco anos atrás. "Tudo isso foi a custa de muito esforço, mas sei que ainda posso crescer bastante. Ainda é só o começo."

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