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Sua dose diária de esporte olímpico brasileiro

Bailarina até os 28, brasileira chega a Olimpíada após só 3 anos no remo

Nunca é tarde para começar no esporte. Que o diga Vanessa Cozzi. Aos 28 anos, três anos atrás, ela jamais poderia imaginar que chegaria a agosto de 2016 mãe de uma menina de 1 ano e meio, afastada do emprego enquanto treina para a Olimpíada do Rio. Isso em uma modalidade que ela nunca havia praticado até 2013: o remo.

Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

Nadadora de algum destaque na juventude, especialista nas provas de fundo (400m e 800m livre) e nos 200m peito, Vanessa largou cedo a natação. Com 22 anos, começou no ballet. Também praticou surfe, mas faltava a adrenalina que só uma competição com largada e chegada proporciona. "Meu sonho sempre foi disputar uma Olimpíada. Com a natação não consegui conquistar, e o sonho e ficou meio adormecido. Eu sempre gostei de competir, estava procurando algo assim", diz.

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Não que o remo tenha chegado por acaso. Fernanda é casada com Renan Castro, medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007. Foi dele a sugestão um tanto quanto ingrata: treinar diariamente na Raia Olímpica da USP antes mesmo de o sol raiar.

"Eu fiz ballet dos 22 aos 28 anos. Eu me dedicava bastante. Nos sábados, chegava a fazer três aulas, ficar seis horas no estúdio, para compensar a falta de tempo durante a semana", lembra. Quando o horário das aulas mudou, da manhã para a noite, veio o convite do marido, que visava exclusivamente conciliar a rotina no escritório com uma prática esportiva.

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Mas quis o destino que a pequena Larissa fosse gerada antes do previsto. Vanessa se afastou dos treinos por alguns meses e, quando voltou, estava ainda mais rápida. "A maternidade me deu uma calma, uma confiança dentro de mim. E ter minha filha me dá forças para ter mais garra. Me sinto mais forte, mais confiante. Quero ser sempre um exemplo bom para ela."

Só quando Fabiana Beltrame escolheu tentar a vaga olímpica no single skiff é que a comissão técnica da Confederação Brasileira de Remo (CBR) começou um trabalho específico para formar uma dupla no double skiff peso-leve, outra prova na qual Beltrame poderia competir. Isso foi há menos de nove meses dos Jogos.

Incentivada pela pequena Larissa, ainda um bebê de colo, Vanessa foi uma das duas mais rápidas da seletiva realizada em fevereiro na raia da USP. No cronômetro, ganhou como parceira Fernanda Nunes, mãe de um garoto de quatro anos. A maternidade uniu duas atletas absolutamente desconhecidas uma para a outra. Com 50 dias de treino, elas estavam classificadas para a Olimpíada.

Não só venceram o Pré-Olímpico Continental - o que Fabiana Beltrame também fez, no single skiff -, como fizeram o melhor índice técnico. Pelas regras de classificação determinadas pela federação internacional, o Brasil só poderia voltar da competição com uma vaga e o índice era o critério de desempate determinado pela CBR.

Para poder treinar, Vanessa, que é formada em administração, foi afastada do trabalho. "Não dava mais para conciliar. Para estar em um clima olímpico, tem que focar naquilo", avalia a remadora, que não sabe se, após o Rio-2016, volta para o escritório."Gostaria de virar atleta, mas já tenho 32 anos, uma filha, e a ajuda de custo do clube não é suficiente. Preciso de um patrocínio."

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Na Olimpíada, a meta é bastante ousada: disputar uma final A, entre seis barcos. Na história do remo feminino brasileiro, o melhor resultado foi um 13.º lugar. "Atualmente a gente está no nível, por tempo, de final C. Nossa realidade é um final B", admite.

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