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Brasil promete começar a controlar doping de 200 atletas fora de competições

Criada em 2011, a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem promete finalmente começar a fazer um trabalho efetivo em 2015. Nesta terça-feira, em entrevista publicada em site do governo federal, o presidente da ABCD, Maro Aurélio Klein, revelou que a entidade fará acompanhamento antidoping periódico em 200 atletas de alto rendimento já a partir de março. Isso significa que eles podem ser testados a qualquer hora, de qualquer dia, em qualquer local. Se quiserem se dopar, terão que contar com o fator sorte para não serem pegos.

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Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

Os esportistas terão que informar à ABCD o seu paradeiro diário a cada 90 dias, podendo ser submetidos a testes surpresas a qualquer momento - se não estiverem onde disserem que estariam, podem ser punidos. Atualmente, o Brasil não faz este tipo de controle, ainda que alguns atletas estejam no grupo de controle das federações internacionais das modalidades.

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"No Brasil, não eram feitos testes de controle de dopagem fora de competição. Em 2013 e 2014, não foi feito nenhum. Enquanto isso, alguns países, como os Estados Unidos, caminham para chegar neste ano a 80% dos testes fora de competição. Nós vamos começar em 20% e subir ao longo de 2015 e 2016. É uma mudança significativa", explica Klein.

Hoje, o atleta que se dopa às vésperas de competição, além de trapaceiro, é ingênuo. Por isso, muito provavelmente, o número de testes positivos em competição é expressivamente mais baixo do que os que apareceriam se houvesse controle fora de competições, como vai haver.

O presidente da ABCD deixa claro que os atletas que entrarão neste grupo de controle são aqueles que têm tudo para estar nos Jogos do Rio/2016. Não à toa, a maior parte dos nomes sairá da lista de contemplados pelo Bolsa Pódio, programa do governo federal que beneficia candidatos à medalha em 2016.

"Os nomes já foram selecionados e estamos agora em processo de elaboração e produção dos acessos e das senhas para o sistema. Se um atleta já estiver dentro do controle da federação internacional, ele pode continuar sendo testado por lá ou a entidade pode transferir a custódia desse teste para nós. É uma negociação que estamos fazendo com cada federação internacional", revela Klein.

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Na opinião do dirigente, o cerco ao doping é irreversível e trará benefícios aos atletas. "A ideia é criar todos os mecanismos e ações possíveis para proteger o atleta brasileiro que vai chegar aos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, mas também o atleta que compete no dia a dia. Esse é um processo para a carreira dos atletas, para sempre."

Na natação, o Brasil divide com a Rússia o posto de país com mais casos de doping nos últimos anos. No ciclismo, os dois únicos testes feitos em atletas femininas de estrada em 2014 deram positivo. O boxe teve uma campeã mundial (Roseli Feitosa) entre as três atletas pegas no doping no Brasileiro de 2013. É muito doping para pouco teste.

"Há uma tendência internacional de aumento no número de testes realizados fora de competição. Antigamente, os atletas só eram testados em campeonatos, de acordo com a forma estabelecida para cada modalidade. A tendência hoje em todo o mundo é de uma menor quantidade de testes, mas com mais qualidade e foco no tipo de análise a ser feita em função da característica específica de cada modalidade", completa Klein.

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