"Depois da Olimpíada, fui muito criticada. Queria responder. Eu sabia que tinha a chance de estar entre as melhores. Meu objetivo era a medalha de ouro. Queria mesmo a medalha de ouro", desabafou Rafaela, após ganhar o título no Mundial de Judô, nesta quarta-feira, no Rio.Entre ouvir o Hino Nacional no pódio, instalado na quadra do Maracanãzinho, até deixar a zona mista destinada às entrevistas na parte interna do ginásio, passaram-se quase uma hora e meia. Nesse tempo todo, o que mais Rafaela repetiu foi o seu foco na busca pela medalha dourada.
Para tentar dar a volta por cima, ela chegou a mudar de categoria. Foi para a até 63kg, mais pesada, conquistou medalha de prata no importante Grand Slam de Tóquio, mas resolveu voltar para a até 57kg quando a seleção brasileira começou a ser definida para o Mundial do Rio, em abril. "Eu estava bem naquela categoria, mas meu lugar é nessa", explicou a judoca de 21 anos.
No Mundial do Rio, quase reviveu a agonia de Londres. Na segunda luta, viu o árbitro marcar yuko para a romena Loredana Ohai, quando considerava o contrário. "O ponto era meu! Quando vi, tinha quinze segundos para não ser eliminada", lembrou Rafaela, descrevendo o único momento nesta quarta-feira em que pensou que seu objetivo poderia não ser conquistado.
Na decisão do título, os árbitros lhe pregaram uma peça. Mas, dessa vez, com final feliz. A brasileira jogou a norte-americana Marti Malloy de costas no chão, mas a marcação inicial foi um wazari. Logo depois, porém, a mesa pediu revisão do golpe, viu o vídeo e retirou o ponto. No lugar, deu um ippon. O golpe do título de Rafaela Silva.