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Canoagem velocidade comemora evolução em ano histórico

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Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

Quando o maior medalhista olímpico de um país desenvolvido decide passar a morar e treinar no Brasil, podemos concluir que a estrutura oferecida aqui é melhor que de lá. É o caso de David Cal, que acompanhou o treinador dele, Jesus Morlán, na empreitada de transformar a canoagem velocidade brasileira em medalhista olímpica. A modalidade ganhou um CT na Represa de Guarapiranga, em São Paulo, e uma seleção permanente de canoa.

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A dois anos e meio dos Jogos do Rio, a estratégia está sendo bem sucedida. Isaquias Queiroz foi campeão mundial em prova não-olímpica (C1 500m) e bronze no C1 1.00m, que consta no programa olímpico, é a grande esperança brasileira e tem se desenvolvido nas mãos de Morlán.

"O primeiro ano foi melhor do que o planejado porque normalmente uma temporada tem 46, 48 semanas de treinamento e, desde a minha chegada, tínhamos apenas 21 semanas disponíveis até o Mundial. Tratava-se então de conhecer a equipe e fazer o possível dentro deste período. O resultado do mundial foi muito melhor do que o esperado. Até eu fiquei surpreso. Os atletas se saíram muito bem", elogiou o espanhol, em declaração reproduzida pela assessoria de imprensa da CBCa.

Morlán lembra que não é só de Isaquias que vive a canoagem velocidade brasileira. "O tempo de Nivalter na semifinal (do C1 200m) foi segundo tempo mais rápido da história da canoagem. Isso não é uma conversa menor. Não temos o melhor do mundo, mas temos o segundo melhor tempo da história. Quem fez isso foi um brasileiro. Pouco a pouco se avança", acredita. Nivalter ficou em quinto no Mundial.

Pelo que explicou o treinador, o ano de 2014 será de treinamentos para melhorar a parte aeróbica dos brasileiros. "Os resultados do ano que vem ficam em segundo plano. Não são tão importantes os resultados quanto o trabalho. Vamos guardar tudo de 2014 para gastar em 2015", comentou, lembrando que o Brasil só tem vaga na prova em que Isaquias foi bronze no Mundial. Nas demais, terá que conseguir no braço mesmo.

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Na segunda-feira o Ministério do Esporte entregou o certificado do Bolsa Pódio a quatro atletas da canoagem. Além dos dois citados, também a dupla  Erlon Souza/Ronilson Oliveira que no Mundial acabou em oitavo no C1 200m, que não consta no programa olímpico. No C1 1.000m, essa sim olímpica, eles não foram à Final A, mas venceram a Final B, encerrando a competição em décimo.

Nem tudo é perfeito, porém. A equipe de caiaque não teve o mesmo apoio e viajou para o Mundial pagando do próprio bolso. Edson Isaias Freitas (K1 200m) e Celso Dias de Oliveira (K1 1.000m), em provas olímpicas, além de Gilvan Ribeiro (K1 500m), venceram as respectivas finais C e terminaram no 19º lugar.

SLALOM - A canoagem slalom também recebeu grande aporte financeiro (a CBCa tem patrocínio do BNDES), mas os resultados não apareceram. A equipe ficou de junho a setembro na Europa, direto, se preparando para o Mundial. Os melhores resultados da equipe foram a semifinal de Pepê no K1 e de Ana Sátila no C1, prova que, é sempre bom lembrar, não é olímpica (não por enquanto). No ranking mundial, os brasileiros seguem longe, muito longe, das primeiras colocações.

Precisa ser ressaltado, porém, que esta foi a primeira vez que o Brasil disputa um Mundial desde 2007, quando sediou a competição. Só quando Ana Sátila e Pepê surgiram (ano passado) é que a modalidade passou a receber atenção. Além disso, a delegação brasileira é jovem, todos têm menos de 20 anos, e devem estar no auge da forma em 2020, não em 2016. Muito menos em 2013.

Apesar desses atenuantes, não dá para esconder que o resultado ficou aquém do investimento no ano. Esperava-se mais da canoagem, que comemorou o bronze de Ana Sátila no Mundial Júnior, mas no C1, que não é olímpico (no feminino a única prova é no caiaque).

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