O resultado amplia a crise vivida pelo remo brasileiro porque, em anos pré-olímpicos, apenas quem não pretende ir à Olimpíada participa no Mundial do single skiff no peso leve, de até 59kg. Os melhores atletas estão focados em obter vaga nos Jogos do Rio, o que deixa a disputa da qual Fabiana Beltrame participou com menor nível técnico.
Na final desta sexta-feira, a brasileira foi quarta colocada, atrás de Nova Zelândia (ouro), Grã-Bretanha (prata) e EUA (bronze). Fabiana ficou a quase seis segundos de distância do pódio, enquanto as três primeiras foram separadas por dois segundos, apenas.
O Brasil só tem vaga olímpica no single skiff, para atletas mais pesadas. O Mundial é o primeiro Pré-Olímpico para que o País pudesse obter vaga em outras provas, especialmente o double skiff peso leve, embarcação na qual Fabiana competiu nos Jogos de Londres, ao lado de Luana Bartholo.
A principal estrela do remo brasileiro, entretanto, alega que não encontrou parceiras de bom nível. Há duas semanas, deu uma entrevista dizendo que não faz milagres. A declaração repercutiu mal entre outras atletas e Fabiana teve que se desculpar em postagem no seu perfil no Facebook.
"As vezes as palavras não saem como a gente gostaria ou não somos bem compreendidos. Nunca quis dizer que não existe uma menina boa para remar comigo, pelo contrário, tem varias atletas treinando e melhorando muito, com grande potencial. A minha decisão tem muito mais a ver comigo mesmo e pelo momento que atravesso, prestes a me aposentar", argumentou.
O remo brasileiro, entretanto, ficou à espera da decisão de Fabiana e nenhum barco forte foi formado para o double skiff peso leve, de forma que é improvável a classificação para os Jogos Olímpicos - serão só duas vagas em jogo no Pré-Olímpico da América Latina.
A fase é tão ruim que o Brasil só levou outros dois barcos ao Mundial. Steve Hiestand, suíço que recentemente passou a defender a bandeira brasileira, pátria da mãe, vai disputar a final C do single skiff, brigando por posições entre o 13.º e o 18.º lugares.
Já no 'dois sem' o Brasil foi representado por Vinícius Delazeri e Victor Ruzicki , que terminaram em quinto na final D. Os jovens, que disputaram o Mundial Sub-23 deste ano, ficaram no 23.º lugar entre 26 barcos. Para ir à Olimpíada, precisavam ficar entre os 12 primeiros colocados.
Agora, se o Brasil quiser ter mais representantes no Rio do que o single skiff masculino (provavelmente Steve) e feminino (Fabiana Beltrame), terá que buscar vagas pelo Pré-Olímpico da América Latina. São duas vagas no double skiff peso leve tanto no masculino quanto no feminino.