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Sua dose diária de esporte olímpico brasileiro

Fora da seleção de boxe, Adriana Araújo pede desculpas a dirigente

Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

Medalhista de bronze nos Jogos de Londres/2012, quando o boxe feminino estreou no programa olímpico, e há 11 anos sem perder de qualquer rival brasileira, Adriana Araújo deveria ser nome certo na seleção. Mas não é. Ao ganhar a medalha na Inglaterra, disparou críticas contra o presidente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), Mauro Silva, e foi foi limada da equipe. A alegação oficial é que a decisão foi meramente técnica, mas ninguém acredita nesta versão.

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A menos de mil dias dos Jogos Olímpicos do Rio, Adriana cansou de brigar. "Eu não me arrependi do que aconteceu, de tudo que eu falei. Tudo que falei foi verdade, mas tem coisas que a gente faz na vida por motivos de raiva. Acho que eu poderia ter feito algo melhor, ter conversado com a confederação para que as coisas se revolvessem", diz a boxeadora de 32 anos, que decidiu se redimir das críticas que fez à CBBoxe e pedir desculpas.

Nunca é demais lembrar o que disse Adriana logo após o bronze em Londres: "Precisam valorizar mais o boxe, principalmente o presidente da confederação. Ele já me menosprezou muito, várias vezes. Disse que eu não tinha condição nenhuma de me classificar (aos Jogos Olímpicos). Só para calar a boca dele, me classifiquei e conquistei a medalha. Ele já me humilhou várias vezes."

Mas não foi só isso. Na época, ela criticou bastante o fato de a seleção treinar em São Paulo e ela não poder trabalhar diretamente com Luis Dórea, o treinador que formou Popó e Junior Cigano, entre outros. "Um filho é feliz longe de sua mãe? Ninguém é feliz. Em outros esportes, cada atleta fica em seu estado, com seu treinador, e se reúne um pouco antes. O povo brasileiro precisa saber quem é ele (Mauro). Isso é um desabafo. Engoli isso por muitos anos porque sabia que um dia ia conseguir dar a resposta."

Mauro substituiu na presidência Luiz Carlos Boselli, dirigente ligado a Dórea e à Confederação Baiana de Boxe. Aí a briga acabou se tornando muito mais política do que técnica. "São declarações com interesses políticos", disse o dirigente, rebatendo Adriana após Londres, e lembrando que haveria eleições em janeiro.

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Ele foi reeleito e Adriana ficou fora da seleção. Ela garante, porém, que não houve teor político/regional nas suas críticas, nem interferência de qualquer uma das partes no pedido de desculpas. "Não tem nada a ver isso do Dórea e do Mauro. O que eu falei na mídia foi algo que aconteceu entre eu e o pessoal atual."

Segundo ela, o tempo a fez reconsiderar sua postura. "Fiquei dois anos na seleção em depressão. Passando por situações que nunca imaginei que iria passar. Falei de cabeça cheia. Durante esse um ano deu pra refletir muitas coisas. Deu para eu rever muitas coisas. Humildade eu sempre tive. Não é uma questão de humilhação e sim de nobreza", aponta.

As conversas para que Adriana voltasse à seleção começaram no Brasileiro Masculino de Boxe, em setembro, quando quatro baianos se sagraram campeões. Os diálogos são liderados por Joilson Santana, presidente da Confederação Baiana, que fala em nome de Adriana e de Érika Mattos, outra baiana cortada da seleção e que é campeã brasileira na categoria até 48kg. Esta, porém, tem outro advogado: Robson Conceição, vice-campeão mundial e que desde o fim de semana passado é seu marido.

Adriana confia que seu boxe é que a levará de volta à seleção. E garante que não terá problemas em voltar para os 60kg, categoria olímpica - ela foi campeã brasileira nos 64kg e não enfrentou a sul-mato-grossense Aline da Silva, titular da seleção, que no Brasileiro perdeu a final da categoria até 60kg para a catarinense Rosilaine Volante.

"Eu não preciso convencer a CBBoxe de nada. Todos meus resultados foram no 60kg. Não vou mudar de peso porque não me encaixo nem no 48kg muito menos no 75kg. Meu profissionalismo sempre se manteve", garante Adriana, que diz estar com 65kg.

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Mesmo medalhista olímpica, Adriana não foi indicada pela CBBoxe para receber a Bolsa Pódio. Por isso, recebe apenas a Bolsa Atleta, de pouco mais de R$ 3 mil, como incentivo para continuar no boxe. Continua treinando na Bahia, se revezando entre as academias de Luis Dórea e Rangel Almeida.

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